A derrota na comissão especial do impeachment era esperada pelo Palácio do Planalto, que aguardava, no entanto, um resultado ligeiramente melhor que o obtido nesta segunda-feira (11).
A aposta é que o placar final fosse 36 a 29, uma diferença menor do que o resultado de 38 a 27. A pequena margem, contudo, foi considerada "razoável", mas não negativa pelo governo federal.
Em entrevista à imprensa, o chefe de gabinete da Presidência da República, Jaques Wagner, reconheceu que o governo federal esperava obter 29 votos nesta segunda-feira (11).
Segundo ele, no entanto, o Palácio do Planalto perdeu os votos do deputado federal Washington Reis (PMDB-RJ), que ficou doente, e Bebeto (PSB-BA), que se recusou a seguir orientação de seu partido de votar pelo impeachment da petista.
"Nós teríamos dois votos inequívocos, que nos levariam a 29 votos, e, portanto, próximo de 45% da comissão especial do impeachment", disse.
Segundo o ministro, com essa faixa projetada para o plenário da Câmara dos Deputados, a expectativa é que a presidente consiga 213 votos, o que barraria o processo de impeachment.
A projeção realista do governo federal, no entanto, contabilizando traições de última hora, é que o Palácio do Planalto obtenha entre 180 e 190 votos no domingo (17).
Para o ministro, os 27 deputados federais que votaram contra o relatório favorável ao impeachment são "heróis da democracia". O petista disse ainda que o governo federal usará as "sandálias da humildade".
A presidente convocou seus principais assessores para uma reunião no Palácio do Alvorada, após a votação na comissão especial, para analisar o mapa dos votos na comissão e como isso pode representar no plenário.
Até a última hora, assessores e auxiliares presidenciais fizeram uma ofensiva por telefone a integrantes da comissão especial para aumentar a margem de votos. O esforço, contudo, não teve o resultado esperado.
A votação final na Câmara, no plenário da Casa, deverá acontecer no próximo domingo (17). Para que o Senado seja autorizado a abrir o processo contra Dilma, e afastá-la do cargo, são necessários os votos de pelo menos 342 dos 513 deputados –ou seja, dois terços do total (66,7%). Na comissão, os votos contra Dilma somaram 58% do colegiado.
Integrantes de partidos que negociam nos últimos dias cargos e verbas com o governo votaram a favor de Dilma, como o PP, o PTN e o PR. Essa última legenda patrocinou mais um revés para a petista, porém.
O líder da bancada, Maurício Quintella Lessa (AL), anunciou que está deixando o cargo e que irá votar contra Dilma no plenário. Segundo ele, de 25 a 30 dos 40 deputados do partido irão acompanhá-lo nessa decisão.