Folha de S. Paulo


No Twitter e em fala a empresários, Temer nega que intervirá na Lava Jato

Em encontro com empresários na tarde desta quinta-feira (31) em São Paulo, o vice-presidente da República, Michel Temer (PMDB), refutou a ideia de que procuraria atrapalhar as investigações da força-tarefa da Operação Lava Jato caso assumisse a Presidência em um eventual impeachment da presidente Dilma Rousseff (PT).

Temer falou em um almoço do Iedi (Instituto de Estudos para Desenvolvimento Industrial). Flávio Rocha, presidente da Riachuelo, que esteve no evento, relatou à Folha que o vice-presidente frisou o papel dele como deputado constituinte, disse que participou no desenho institucional que o Brasil tem hoje e que não quer limitar as atribuições do Ministério Público Federal e da Polícia Federal.

O vice também usou sua conta no Twitter para comentar a possibilidade de interferir nas investigações e nos trabalhos da Polícia Federal.

"Dizer que eu poderia interferir em processo judicial, levado adiante em função da posição do Ministério Público: isso jamais eu faria. No país cada um cumpre a sua função. Tenho salientado que nós do Executivo, Legislativo e Judiciário somos apenas exercentes do poder", escreveu Temer.

No encontro com os empresários, do qual saiu sem falar com a imprensa, o vice-presidente se recusou a tecer comentários sobre o desfecho do processo de impeachment.

"Ele realmente está determinado a ser prudente", disse Flávio Rocha, presidente da Riachuelo, após o evento. "Mesmo quando foi perguntado por alguns da plateia, não quer sofrer a acusação de estar interferindo no processo", completou.

Temer, acordo com os empresários presentes no encontro, defendeu o projeto "Ponte para o futuro", elaborado por seu partido. Segundo Rocha, ele afirmou que a baixa aceitação do governo federal em relação às propostas foi uma das principais motivações para o desembarque do PMDB da coalizão do governo.

O presidente da Riachuelo disse ainda que as propostas, de cunho liberal, foram muito bem recebidas pela plateia, apesar de alguns terem se frustrado com a falta de comentários sobre o impeachment.

TWITTER

Ainda na rede social, em uma série de publicações, o vice-presidente negou estar negociando cargos para obter apoio de parlamentares ao processo de impedimento de Dilma.

"Outro registro que quero fazer é que eu já estaria negociando cargos, recebendo parlamentares e partidos para fazer negociação de cargos. Sou muito procurado mas não trato desse assunto. Não trato sequer do assunto do que possa ou não possa acontecer", escreveu.

Desde o desembarque do PMDB, na última terça (29), o governo começou uma reorganização de sua base aliada no Congresso, com a negociação de cargos em ministérios, autarquias e estatais como forma de garantir apoio suficiente para barrar o processo de impeachment na Câmara.

"O poder não é nosso, o poder é do povo. Então, registro com muita ênfase que sou muito atento à institucionalidade e, portanto, jamais haveria de influenciar outro poder", escreveu o vice-presidente no Twitter.

Antes mesmo do rompimento formal, o peemedebista, no entanto, já havia se aproximado de caciques da oposição, principalmente do PSDB, com o intuito de discutir apoios a uma eventual ascensão à Presidência.


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