Folha de S. Paulo


Intelectuais e movimentos sociais fazem ato contra impeachment na USP

Intelectuais, alunos e representantes de movimentos sociais fizeram um ato contra o impeachment da presidente Dilma Rousseff nesta terça-feira (29) na Cidade Universitária, zona oeste de São Paulo.

Durante o evento, os convidados criticaram os partidos de oposição ao governo, as manifestações pró-impeachment, a Operação Lava Jato e o juiz Sergio Moro, responsável pelos processos da operação na Justiça Federal no Paraná.

"Por que Moro tem tanto poder? Porque serve a dois objetivos: entregar o pré-sal para companhias norte-americanas de petróleo e enfraquecer o Mercosul", discursou a filósofa Marilena Chauí, professora da FFLCH (Faculdade de Filosofia, Letras e Ciências Humanas) da USP, onde foi realizado o evento.

A maioria dos presentes, porém, concentrou-se em questionar a legalidade do pedido de impedimento.

"Não podemos cair nesse argumento cínico de que o impeachment não é golpe porque está previsto na Constituição. O crime de assassinato também está no Código Penal, mas eu preciso ter matado alguém para ser condenado", comparou o advogado Arthur Menten.

Na última semana, ministros do STF como Cármen Lúcia e Dias Toffoli disseram em entrevistas que um impeachment não pode ser considerado golpe porque é um mecanismo da legislação brasileira.

Chauí defendeu ainda que militantes pressionem os poderes Legislativo e Judiciário para barrar o processo.

"Não podemos ficar só na rua gritando 'Não vai ter golpe', temos que intervir nessas instituições", afirmou.

Ela também criticou as manifestações pró-impeachment, que seriam compostas por "uma multidão ressentida e com ódio, que espera [a ascensão de] um líder autoritário e reacionário para pôr tudo em ordem".

O professor da UFABC (Universidade Federal do ABC) Gilberto Maringoni, candidato a governador de SP pelo PSOL em 2014, comentou o desembarque do PMDB do governo, anunciado nesta terça, e disse esperar que o movimento gere uma virada à esquerda por parte do governo –que, segundo ele, não seguiu o programa que o elegeu.

O mais aplaudido da noite, porém, foi o ator Sergio Mamberti. Depois de advertir que a saída da presidente poderia pôr a perder "a democracia pela qual tantos lutaram e morreram", ele terminou sua fala juntando a palavra de ordem dos movimentos contra o impeachment ao bordão de seu personagem na série "Castelo Rá-tim-bum", produzida pela TV Cultura nos anos 1990.

"Como diria o tio Vitor: Não vai ter golpe! Vai ter luta! Raios e trovões!"

Entre outros nomes, estiveram também presentes o cientista politico e colunista da Folha André Singer, o secretário municipal de Direitos Humanos de São Paulo, Eduardo Suplicy, além de representantes da UNE (União Nacional dos Estudantes), CUT (Central Única dos Trabalhadores), MST (Movimento dos Sem Terra) e MTST (Movimento dos Trabalhadores Sem Teto).


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