Folha de S. Paulo


PR, PP e outros partidos discutem apoio ou desembarque do governo

Após a oficialização do rompimento do PMDB, os holofotes se voltam para os partidos médios da coalizão de Dilma Rousseff, todos eles ameaçam também abandonar o barco governista.

Quarta maior bancada da Câmara (49 cadeiras), o PP se reúne nesta quarta-feira (30), às 11h, no gabinete do presidente do partido, o senador Ciro Nogueira (PI).

A maioria dos senadores da sigla já defende o mesmo caminho do PMDB. É na bancada da Câmara, que tem sido mais assediada pelo governo, que está o ponto de discórdia.

Cerca de 30 deputados estariam contrários a Dilma, mas há espaço para negociação. Por isso, o partido só baterá o martelo em reunião de sua executiva, que será marcada possivelmente para a próxima semana.

O PR já abriu, segundo deputados ouvidos pela Folha, negociações com o governo para assumir parte do espólio peemedebista. A bancada tem 40 deputados, a quinta maior da Câmara. As tratativas estariam sendo feitas pelo ministro do partido, Antonio Carlos Rodrigues (Transportes), que se encontrou nesta terça-feira (29) com Dilma, e pelo ex-deputado Valdemar Costa neto (SP), condenado no mensalão, mas com forte influência no partido.

Sobram nesses partidos, porém, reclamações de que foram deixados de lado durante todo o governo Dilma e que agora é tarde para a "repactuação" anunciada nesta terça por Jaques Wagner, ministro-chefe do gabinete pessoal de Dilma.

Entre oferta de cargos e liberação apressada de verbas para emendas, o Palácio do Planalto conta que os espaços deixados vagos pelo PMDB serão suficientes para agradar os descontentes.

Ao PTN, com 13 deputados, já foi dada a presidência da Funasa, de onde foi exonerado um aliado de Temer.

No PSD do ministro Gilberto Kassab (Cidades), que tem 31 deputados, a afirmação é de que a maioria é favorável à destituição da petista.

Em conversas no plenário da Câmara nesta terça-feira a Folha ouviu, em tom irônico e sob condição de anonimato, deputados questionando a demora do governo em oferecer os cargos até então com os peemedebistas.

Dilma precisa de pelo menos 172 dos 513 votos da Câmara para barrar o seu processo de impeachment. Segundo governistas, um dos acertos que estão sendo feitos é o de deputados faltarem à sessão em que será votado o pedido de impeachment.

A ausência é pró-Dilma, já que são necessários 342 votos para que seja autorizada a abertura do processo contra a petista.


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