Folha de S. Paulo


No Rio, entidades empresariais e de classe se dividem sobre impeachment

O impeachment da presidente Dilma Rousseff divide opiniões entre as entidades empresariais e de classe do Rio de Janeiro consultadas pela Folha nas últimas duas semanas.

De dez entidades consultadas, três manifestaram-se a favor do impedimento da presidente e três declararam-se neutras. Uma foi contra o processo e três não opinaram sobre o assunto.

A Firjan (Federação das Indústrias do Rio de Janeiro) é uma das que foi a público manifestar-se a favor do impeachment da presidente, via o Congresso Nacional.

"A temperatura subiu muito na constatação da imoralidade que está prevalecendo no governo", disse o empresário Eduardo Eugenio Gouvêa Vieira, presidente da federação, durante uma coletiva em 17 de março.

A ACRio (Associação Comercial do Rio de Janeiro) também é a favor do impeachment. Em nota, a associação disse que a crise política tem "reflexos profundos e desastrosos em todos os setores da economia" brasileira.

Como as demais, a Secovi Rio (Sindicato da Habitação do Rio de Janeiro) afirma que apoia o processo do impeachment "com a apuração dos fatos e irregularidades que tem sido apontadas, e dentro dos instrumentos legais".

Contra o impedimento da presidente está o Corecon-RJ (Conselho Regional de Economia do Estado do Rio de Janeiro). Para o conselho, o processo "fere a institucionalidade e passa ao largo da responsabilidade política e do respeito à legalidade".

Em nota de dezembro, mantida pelo conselho, o Corecon-RJ acrescenta que o impeachment é uma "aventura política, desprovida da devida legitimidade institucional e levada adiante para atender interesses claramente pessoais e políticos".

Já as três entidades que se declararam neutras foram AmCham Rio (Câmara Americana de Comércio do Rio de Janeiro), Fecomércio-RJ (Federação do Comércio do Estado do Rio de Janeiro) e o Sinduscon-Rio (Sindicato da Construção Civil).

O Sinduscon-Rio disse esperar que "o processo transcorra dentro do que preconizam a democracia e a Constituição e que nenhum interesse político ou pessoal seja maior que os da nação."

Já a Fecomércio-RJ disse, em nota, que "aguarda que as instituições legalmente constituídas para as decisões no processo de impeachment manifestem sua vontade com a garantia dos princípios legais e constitucionais na condução do processo."

Amcham Rio afirma, também por meio de nota, que o Brasil precisa de medidas "responsáveis, rápidas e transparentes" contra a crise política pelo "fortalecimento das instituições".

Apesar de ter votado a favor do impeachment no Conselho Nacional da OAB (Ordem dos Advogados do Brasil), a OAB/RJ disse que não tem posição sobre o impedimento da presidente porque não debateu a questão em seu conselho secional.

Também não se posicionaram a Ademi-RJ (Associação de Dirigentes de Empresas do Mercado Imobiliário) e o SindRio (Sindicato de Hotéis, Bares e Restaurantes), alegando falta de tempo hábil.


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