Folha de S. Paulo


Ministros do PMDB estão dispostos a retornar à Câmara e votar por Dilma

Os ministros Celso Pansera (Ciência e Tecnologia) e Marcelo Castro (Saúde), ambos do PMDB, deram uma demonstração de fidelidade à presidente Dilma Rousseff nesta quarta-feira (23) ao afirmar estarem dispostos a deixar seus cargos para retornar à Câmara dos Deputados para votar contra o impeachment da presidente Dilma Rousseff se for necessário.

Os ministros criticaram a intenção de parte da legenda que deseja o rompimento imediato com o governo no momento em que a gestão petista enfrenta sua crise mais aguda.

"Minha posição é que nós não devemos deixar o governo. O PMDB veio até aqui com o governo, tem o vice-presidente. Seria uma grande irresponsabilidade ter ministros da importância como Saúde, Minas e Energia e Agricultura, e em um momento de crise tão profunda como essa a gente esvaziar os ministérios", afirmou Pansera.

O ministro questionou ainda se a legenda entregaria os mais de mil cargos que ocupa no governo federal, o que levaria a uma paralisação geral. "Como farão? Irão esvaziar também? Irão elevar o embate político de elevar ao extremo de paralisar o país ou vamos agir com responsabilidade diante de um momento tão duro que o país passa?", questionou.

Os dois ministros participaram de um evento no Palácio do Planalto nesta manhã para o lançamento de um dos eixos do Plano Nacional de Enfrentamento ao Aedes e à Microcefalia. Em seu discurso, Pansera afirmou ter orgulho de participar da equipe de Dilma e disse que a defenderá como ministro e, se necessário, como parlamentar.

"Estamos trabalhando muito, atuando intensamente e o governo governa, dirige o país. Lá no nosso ministério todo mundo sabe a intensidade com a qual estamos trabalhando e essa é intensidade do governo. Tenho orgulho de fazer parte desse governo, pode contar conosco. Defendo a legitimidade desse governo. Como ministro, faço parte da equipe e, se necessário, como parlamentar, continuarei atuando na defesa do seu governo", discursou Pansera.

Mais comedido, Castro disse concordar "100% com o colega" e afirmou que também voltaria à Câmara para votar contra o impeachment. Os dois eram deputados quando foram indicados aos ministérios em uma tentativa do governo de garantir apoio do PMDB, ainda no ano passado.

Aos jornalistas, Pansera afirmou que ele e os outros seis ministros do partido se reunirão nesta tarde para tomar uma posição que será levada à reunião do diretório nacional marcada para o próximo dia 29. Nesta terça, alguns ministros e parlamentares alinhados ao governo tentaram convencer o vice-presidente Michel Temer, também presidente nacional do PMDB, a adiar o encontro, que poderá selar o desembarque definitivo da sigla do governo petista.

Castro afirmou ainda que o PMDB está dividido mas deveria assumir uma postura pela governabilidade e estabilidade política. "O país está precisando do PMDB mais do que precisou em qualquer época. É hora de contribuir. Não é hora de pensar em sair", disse.


Endereço da página: