Folha de S. Paulo


Lula pede investigação de jornalistas e criador do Pixuleko

Carolina Linhares/Folhapress
pixulekoCarolina Linhares/FolhapressSão Paulo
O balão inflável conhecido como Pixuleko

O ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva foi autor de quatro notícias-crime que viraram inquéritos na 17ª Delegacia de Polícia do Ipiranga, em São Paulo.

Entre agosto e novembro de 2015 o ex-presidente pediu aos policiais que investigassem crimes cometidos pelo autor de uma página no Facebook que incitava violência contra ele, pelos responsáveis pelo Pixuleko e por jornalistas do site "O Antagonista" e da revista "Veja".

Os pedidos de investigação foram protocolados após o ataque ocorrido contra o Instituto Lula, em julho de 2015, quando pessoas de dentro de um carro escuro jogaram uma bomba caseira no portão do instituto. Houve danos à garagem do imóvel, mas ninguém ficou ferido. O atentado é investigado.

A primeira queixa de Lula foi protocolada em 21 de agosto de 2015 e pedia a investigação da página "Morte ao Lula", no Facebook. Segundo os advogados do ex-presidente, o autor da página, o advogado Márcio Luiz Curci Nardy, teria incitado crimes contra Lula, já que na página havia publicações e comentários em que se mencionava violência contra o ex-presidente.

No dia 4 de setembro, o alvo das reclamações de Lula foi o Pixuleko, boneco inflável. Na notícia-crime, Lula diz que tomou conhecimento "da exibição em via pública de um boneco inflável de 12 metros de altura elaborado a sua semelhança portando vestes de presidiário e com os pés presos a uma bola de ferro constando ainda os números 13 e 171 no peito do boneco". Lula disse que a repercussão do boneco nos meios de comunicação teria causado "eventuais crimes de calúnia, difamação e injúria".

IMPRENSA

Em 11 de novembro, o ex-presidente diz que "tomou conhecimento de inúmeras publicações de textos promovidos pelo site O Antagonista" que continham "afirmações falsas, distorcidas da realidade e ofensivas que aviltaram sua honra e imagem". Lula diz que sofreu calúnia, injúria e difamação.

Quinze dias depois, novo pedido de investigação, agora de jornalistas da revista "Veja". O motivo da notícia-crime foi a capa da edição 2450, ano 48, em que Lula aparece numa montagem "vestido com roupas listradas, como um presidiário". Novamente Lula reclama que teve sua honra e imagem aviltadas.

No dia 13 de novembro de 2015 Lula protocolou procuração para que os advogados do escritório de Roberto Teixeira pudessem entrar com ações exigindo "direito de resposta ou retificação em matéria divulgada, publicada ou transmitida por veículo de comunicação social".

Ele cita a lei 13.188, que regulamentou o direito de resposta nos meios de comunicação. A procuração foi assinada dois dias depois da publicação da nova lei.

Todos os inquéritos estão em andamento e sob a responsabilidade do delegado José Ricardo Marchetti, que se recusou a comentar detalhes da investigação.

OUTRO LADO

A assessoria do ex-presidente Lula disse que os advogados de Lula "aguardam o resultado das investigações para tomarem as providências cabíveis contra aqueles que as autoridades venham a apontar como possíveis autores de delitos".

Os assessores disseram também que "sites aparentam existir apenas para atacar a honra e a imagem" do petista. "No caso do site "O Antagonista", há publicações ofensivas em série contra Lula que não têm a autoria identificada com o claro propósito de evitar responsabilidade."

Lula, via assessores, afirmou que "não há qualquer intenção de constranger jornalistas com as providências adotadas, mas apenas de exercer o legítimo direito de se insurgir contra a prática de atos que possam configurar crime."

A assessoria da Editora Abril, que publica a revista Veja, disse que não iria comentar o assunto. Os jornalistas do site O Antagonista também não quiseram comentar o caso. O advogado Márcio Nardy, criador da página no Facebook Morte ao Lula, disse não ter conhecimento sobre esse inquérito.


Endereço da página: