Folha de S. Paulo


Chanceler argentina diz que Brasil pode ser suspenso do Mercosul

Boris Vergara-13.out.2015/ Xinhua
A chanceler argentina, Susana Malcorra, durante reunião da ONU em Caracas em 2015
A chanceler argentina, Susana Malcorra, durante reunião da ONU em Caracas em 2015

O Mercosul poderá "eventualmente" acionar a cláusula democrática contra o Brasil e suspendê-lo temporariamente do bloco conforme se acentue a crise política no país.

A afirmação é da ministra de Relações Exteriores da Argentina, Susana Malcorra. Em entrevista coletiva dada nesta segunda-feira (21), ela disse que o assunto não está na agenda neste momento e que é preciso analisar os requisitos da cláusula. "Mas uma desvinculação temporária poderia acontecer", acrescentou.

"Apoiamos a presidente, que foi eleita democraticamente, e cremos que não se pode ter nenhuma mudança que não seja por meio das instituições democráticas e da constituição."

Em 2012, o Mercosul suspendeu o Paraguai após o então presidente, Fernando Lugo, sofrer um impeachment em menos de 24 horas. O processo que derrubou o dirigente foi considerado constitucional, mas questionado pela Comissão Interamericana de Direitos Humanas e pelo Mercosul.

Segundo Malcorra, seus pares do bloco deverão se reunir por uma videoconferência nos próximos dias para discutir a situação brasileira e dar "um sinal de apoio institucional".

Questionada se a crise estaria na pauta da reunião entre o presidente argentino, Mauricio Macri, e o americano, Barack Obama, a chanceler disse que poderá haver comentários sobre o assunto.

"A agenda dos presidentes é essencialmente orientada à relação bilateral, mas é certo que, quando dois presidentes se encontram, falam da região e do mundo. Suponho que [uma conversa sobre o tema] possa acontecer." Macri e Obama se encontram em Buenos Aires na próxima quarta-feira (24).

Malcorra afirmou ainda acompanhar com preocupação a crise e disse que os problemas do vizinho repercutem na Argentina, principalmente por o Brasil ser o principal parceiro econômico do país.

"Necessitamos de um sócio forte, mas sobretudo de um sócio que resolva as questões dentro de um diálogo institucional", disse.


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