Folha de S. Paulo


Em show, Elza Soares pede 'luta' e diz que 'não vai ter golpe'

A cantora Elza Soares, 78, pediu que os fãs lutem "pela democracia" e se juntou a um coro contra o impeachment de Dilma Rousseff em show na noite desta sexta (18), no Rio.

No palco do Circo Voador, a artista gritou quatro vezes o bordão "Não vai ter golpe!". O coro tem sido entoado em atos de apoio à presidente, que foi reeleita em 2014.

Em show, cantora grita bordão "não vai ter golpe"

Logo no início do show, Elza inflamou a plateia com uma pergunta: "Quem está de vermelho aí?". A casa de espetáculos tem capacidade para cerca de 2.500 pessoas e estava lotada.

Em outro momento, a cantora pediu: "Vamos lutar pela democracia!". Depois da música "A Carne", um libelo contra o racismo, ela engatou outro discurso político:

"Paz! Democracia! O meu partido é o povo. Este povo brasileiro que luta, que puxa. Vamos à luta, minha gente", pediu. "Nada tá perdido, vamos à luta! Nada tá perdido, vamos à luta", repetiu mais algumas vezes.

Elza Soares diz em show: "nada está perdido, vamos à luta!"

Em outro momento do show, a plateia puxou o grito de "Não vai ter golpe!" e Elza aderiu ao coro. O bordão ainda voltou a ser cantado durante participação especial de Caetano Veloso. O cantor sorriu, mas permaneceu em silêncio no palco.

Parte da plateia havia participado mais cedo de um ato em defesa da presidente na praça 15, no centro do Rio. A manifestação reuniu outros artistas como a atriz Leticia Sabatella, o ator Osmar Prado e o cantor Otto.

GOLPE DE 64

Elza Soares foi perseguida pela ditadura militar (1964-85). Ela era mal-vista por ter gravado o jingle da campanha que levou o trabalhista João Goulart à Vice-Presidência, em 1960.

Em 1970, seis anos depois do golpe que derrubou Jango, a cantora teve sua casa metralhada no Rio. Ela foi obrigada a se exilar na Itália com o jogador Garrincha, com quem era casada.


Endereço da página:

Links no texto: