Folha de S. Paulo


Congresso ouvirá a voz das ruas, diz Aécio sobre impeachment

Renato Costa/Folhapress
O presidente nacional do PSDB, senador Aécio Neves (MG), fala com a imprensa nesta terça-feira (15), em Brasília (DF).
Presidente nacional do PSDB, senador Aécio Neves

O senador Aécio Neves (MG), presidente nacional do PSDB, avaliou nesta sexta-feira (18) que o PMDB será obrigado, pela pressão das ruas, a definir um desembarque da gestão da presidente Dilma Rousseff em breve. Para o tucano, o governo petista "já deu" e o processo de impeachment é irreversível.

"É fundamental que pensemos em intensificarmos as conversas com outras forças políticas do Congresso como temos feito, em especial com o PMDB. [...] O PMDB é hoje vital porque é o partido de maior sustentação, além do PT, ao governo mas o que estamos vendo é que a Câmara não é hermética, não é fechada", disse.

O tucano afirmou que o partido procurará outras legendas a partir da próxima semana para discutir o que chamou de "day after", ou seja, a sucessão da Presidência da República. O senador admitiu que o melhor caminho para o PSDB seria a realização de novas eleições como forma de legitimar o governo, mas disse compreender que "qualquer saída é melhor do que a permanência da presidente Dilma".

Alas internas do PMDB já apresentam disposição para deixar a aliança com o PT mas a cúpula partidária ainda resiste a tomar a decisão de forma definitiva. O diretório do partido, no entanto, se reunirá após o feriado da Páscoa para votar moções de rompimento.

Como funciona o Impeachment

Para Aécio, a ausência de peemedebistas na cerimônia de posse do ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva como ministro da Casa Civil e do ministro da Aviação Civil, Mauro Lopes (PMDB-MG), nesta quinta. "Há um estranhamento de ver o maior partido de sustentação não ter ido à cerimônia. Foi muito simbólico. Em alguns momentos, a política é feita muito mais de gestos do que de palavras", disse.

O senador também provocou o presidente do Senado, Renan Calheiros (PMDB-AL), tido como um dos últimos aliados do governo. É o peemedebista quem comandará a atuação da Casa se a Câmara autorizar a instauração do processo de impeachment, uma vez que é o Senado quem faz o julgamento final.

"Tenho certeza que presidente Renan, não obstante a sua solidariedade pessoal à presidente, se curvará para a realidade dos fatos. E dissemos de forma uníssona: estamos prontos para discutir o 'day after'. A ventania está tão forte que ele vai ver, já vai estar do outro lado", disse.

Em uma entrevista à jornalistas, Aécio elogiou os grupos pró-impeachment que realizaram manifestações durante a semana em repúdio à nomeação de Lula na Casa Civil. Para o tucano, o processo de impeachment deverá durar cerca de 40 dias até sua conclusão.

"Estamos vivendo um processo, como se diz na minha terra: água de morro abaixo e fogo de morro acima. Ninguém mais segura o sentimento avassalador da sociedade brasileira", disse.

A Câmara instalou nesta quinta (17) a comissão especial que irá analisar o caso. Foram eleitos Rogério Rosso (PSD-DF) para a presidência da comissão e Jovair Arantes (PTB-GO) para a relatoria. Ambos são aliados de Cunha e não estavam entre as preferências do Planalto, que foi obrigado a ceder.


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