Folha de S. Paulo


'Jamais irei para o governo para me proteger', diz Lula em grampo

Numa conversa interceptada pela Operação Lava Jato o ex-presidente Lula refuta a ideia de que viraria ministro para escapar do julgamento do juiz Sergio Moro, como interpretam muitos analistas: "Jamais irei para o governo para me proteger", diz o ex-presidente para o governador do Piauí Wellington Dias (PT)

No diálogo, Lula informa a Wellington Dias qual seria a receita econômica que recomendaria a Dilma caso se tornasse ministro.

"A coisa mais simples que ela tem de fazer é liberar financiamento para governadores e fazer o BNDES liberar dinheiro do PAC [Programa de Aceleração do Crescimento], do PIL [Programa de Investimento em Logística], da puta que o pariu".

Não há a data da conversa divulgada pela Justiça federal do Paraná, mas o ex-presidente ainda não havia aceitado o cargo de ministro-chefe da Casa Civil.

Em outra conversa, com o cientista político chamado Alberto Carlos, Lula comenta sobre uma suposta ordem de prisão do juiz Sergio Moro: "Ele deve fazer para ver o que acontece".

O ex-presidente afirma na conversa não temer nenhum tipo de investigação. "Podem investigar minha conta na casa do caralho que não tem um centavo. Esses caras sabem que não tenho apartamento, que não tenho chácara. Fui o conferencista mais bem pago do começo do século 21", orgulha-se, comparando-se com o ex-presidente dos Estados Unidos Bill Clinton. Lula contou em depoimento à PF que recebia US$ 200 mil por palestra.

O juiz Sergio Moro diz ter ordenado o monitoramento do telefone de um assessor de Lula, já que o ex-presidente não usa celular.

O advogado de Lula, Cristiano Zanin Martins, acusa Moro de estimular uma "convulsão social" com a divulgação de telefonemas. " Isso não é papel do Judiciário", disse.


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