Folha de S. Paulo


Lula cobra "papel de homem" de novo ministro, aponta ligação

Em interceptação telefônica captada pela Polícia Federal na Operação Lava Jato, Lula defende que o subprocurador Eugênio Aragão, nomeado ministro da Justiça por Dilma, "deveria cumprir um papel de homem" e prove que é amigo, num aparente pedido de ajuda para se livrar do juiz federal Sergio Moro.

Em uma conversa gravada em 27 de fevereiro, o ex-presidente falou com Paulo Vanucchi, diretor do Instituto Lula e ex-ministro da secretaria de direitos humanos de seu governo, a Polícia Federal interpretou que a conversa se refere à Aragão.

"O problema é o seguinte, Paulinho, nós temos que comprar essa briga, eu sei que é difícil, sabe?! Eu as vezes fico pensando até que o Aragão deveria cumprir um papel de homem, porque o Aragão parece nosso amigo, parece, parece, mas tá sempre dizendo "olha"..."

Em outra ligação feita nesta terça (15), o ex-ministro Gilberto Carvalho telefona para Lula falando sobre a nomeação de Aragão. Lula responde, de acordo com a PF, que espera que o futuro ministro da Justiça "tenha pulso", o que foi interpretado pelos policiais como ter força para controlar a PF.

Informação revelada nesta quarta (16) pelo canal "Globonews" mostra também que o juiz federal Sergio Moro incluiu no inquérito que tramita em Curitiba uma conversa telefônica entre o ex-presidente Lula e a presidente Dilma Rousseff, no qual ela diz que encaminhará a ele o "termo de posse" de ministro.

Dilma diz a Lula que o termo de posse só seria usado "em caso de necessidade".

Os investigadores da Lava Jato interpretaram o diálogo como uma tentativa de Dilma de evitar uma eventual prisão de Lula. Se houvesse um mandado do juiz, de acordo com essa interpretação, Lula mostraria o termo de posse como ministro e, em tese ficaria livre da prisão. O juiz Moro não pode mandar prender ministros porque eles detêm foro privilegiado.


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