Folha de S. Paulo


PGR avalia se pedirá investigação de Dilma por delação de Delcídio

Pedro Ladeira - 20.out.2015/Folhapress
Delcídio do Amaral em sessão no Senado em outubro de 2015
Delcídio do Amaral em sessão no Senado em outubro de 2015

O procurador-geral da República, Rodrigo Janot, vai avaliar se as referências feitas pelo senador Delcídio do Amaral (PT-MS) em sua delação premiada à presidente Dilma Rousseff justificam um pedido de investigação da petista por tentativa de obstruir as investigações do esquema de corrupção da Petrobras.

O parlamentar afirmou aos investigadores que Dilma usou sua influência para evitar a punição de empreiteiros envolvidos na Lava Jato junto ao STF (Superior Tribunal Federal) e ao STJ (Superior Tribunal de Justiça).

Para investigadores, em tese, como o fato teria ocorrido no exercício do mandato, Dilma poderia ser investigada. Procuradores ouvidos pela Folha, no entanto, disseram que essas afirmações de Delcídio têm um caminho probatório mais difícil porque são relatos de conversas pessoais. Janot está em viagem oficial ao exterior e só deve retornar ao país no fim de semana.

O senador, em seu relato, cita outros senadores e deputados, tanto da base aliada quando da oposição. Segundo a publicação, o senador petista revelou que Dilma tentou três vezes interferir na Lava Jato com a ajuda do ex-ministro da Justiça, José Eduardo Cardozo. "É indiscutível e inegável a movimentação sistemática do ministro da Justiça, José Eduardo Cardozo, e da própria presidente Dilma Rousseff no sentido de tentar promover a soltura de réus presos no curso da referida operação", afirmou.

Anteriormente, a petista tentou influenciar o presidente do STF, Ricardo Lewandowski, e buscou um acordo com o presidente do TJ de Santa Catarina, Nelson Schaefer. O catarinense seria nomeado para o STJ se o juiz substituto na corte Newton Trisotto, também de Santa Catarina, votasse pela libertação dos empreiteiros.

MERCADANTE

Investigadores ouvidos pela Folha também disseram que o ministro Aloizio Mercadante deve ser investigado pela tentativa de atrapalhar as investigações da Lava Jato ao procurar assessor de Delcídio.

Os procuradores, no entanto, disseram que não foi cogitado pedido de prisão do ministro porque não existiriam indícios que justificassem um pedido de prisão preventiva. Isso porque eles entendem que Mercadante não oferece atualmente risco às investigações. Eles destacam que só tomaram conhecimento da oferta de Mercadante quando a delação de Delcídio já estava sendo tomada.

Leia a íntegra da delação


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