Folha de S. Paulo


Protesto no Rio reuniu 1,5 milhão de pessoas, segundo organizadores

A manifestação no Rio contra o governo da presidente Dilma Rousseff conseguiu atrair um público expressivo neste domingo (13) na praia de Copacabana, na zona sul carioca. A mobilização começou às 10h e se estendeu até as 15h.

Nas contas dos organizadores, ao menos 1,5 milhão de pessoas participaram do ato. Neste caso, não há um número oficial para servir como comparação.

Desde o ano passado, o Governo do Rio (PMDB) optou por não fazer mais estimativas de público nos protestos de rua.

A reportagem da Folha, contudo, abordou um major da PM que considerou exagerada a estimativa dos organizadores.

Ele ressaltou que no tradicional réveillon da praia de Copacabana, o público, quase sempre estimado em 2 milhões de pessoas, ocupa não só as pistas da orla, mas também as areias da praia em toda a sua extensão —o que não ocorreu na manifestação deste domingo.

O protesto ocupou as duas pistas da avenida Atlântica, a ciclovia e o calçadão em uma extensão de seis a oito quadras do bairro.

ALVO DO PROTESTO

O foco das críticas esteve centrado no impeachment da presidente Dilma e no pedido de prisão do ex-presidente Lula. Sobraram ainda saudações ao juiz Sergio Moro e à Polícia Federal.

Houve oposição pontual de grupos conservadores a questões como aborto e direitos dos gays. Assim como em ocasiões anteriores, mas desta vez em menor número, surgiram defensores de uma intervenção militar no país.

Artistas globais participaram do protesto. Um grupo de 35 pessoas usava a mesma camiseta amarela identificada como #morobloco, um trocadilho do nome do juiz Moro com o Monobloco, um dos mais populares blocos de carnaval do Rio.

Os atores Marcelo Serrado e Susana Vieira estavam entre os seguidores do #morobloco.

"Estou aqui como cidadão. Somos a favor do Moro e das investigações da Lava Jato", disse Serrado. Apesar das críticas à atual situação do país, o ator fez ressalvas à possibilidade de afastamento da presidente Dilma. "Se for comprovada alguma irregularidade, sou a favor do impeachment. Mas não sei dizer se existem motivos que justifiquem a saída dela neste momento".

Cinco carros de som acompanharam os protestos, convocados por movimentos como Vem Pra Rua, Revoltados Online e Movimento Brasil Livre.

No carro de som do Vem Pra Rua, o jornalista e ex-deputado Fernando Gabeira falou ao microfone. "Não estou aqui como político ou jornalista, mas como pai e avô. Tenho convicção de que Dilma vai cair. Venho aqui para lembrar que a luta não termina aí. Teremos um longo caminho pela frente para consertar o estrago que eles fizeram", disse Gabeira.

Eram recorrentes os pequenos bonecos infláveis de Lula e Dilma vestidos de presidiários. Camelôs venderam o artigo a R$ 15. Bandeiras do Brasil eram negociadas a R$ 30.

CONFUSÃO

Um grupo de três estudantes foi hostilizado e teve que ser retirado sob a proteção da Polícia Militar. Um deles vestia uma camisa vermelha. Carol Morena, 21, estava no grupo e disse à reportagem que a intenção era fazer uma critica a Dilma pelo lado da esquerda. "Nossa mensagem era da esquerda contra Dilma, mas não entenderam", disse.


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