Folha de S. Paulo


Brasil não pode parar no tempo, diz Alckmin antes de ir à manifestação

O governador de São Paulo, Geraldo Alckmin (PSDB), fez um breve pronunciamento no Palácio dos Bandeirantes antes de seguir em direção da Avenida Paulista acompanhado de uma comitiva formado por tucanos, como o senador Aécio Neves, e por deputados da oposição.

"O Brasil vive sua crise profunda. O país não pode parar no tempo. É preciso correr no sentido de buscar uma solução. Cabe ao Congresso Nacional dar o rumo e avançar", disse o governador.

Alckmin ressaltou que o governo trabalhou para "garantir a segurança" do ato de hoje e que tem certeza que haverá "um show de civismo, liberdade de expressão e democracia".

Ele também defendeu a postura da Polícia Militar de São Paulo sobre a suposta invasão de uma subsede de um sindicato dos metalúrgicos de Diadema. "Quero deixar claro para o PT que nós não fazemos provocação, não invadimos propriedades e a polícia de São Paulo é expressamente seria".

Aécio Neves não respondeu às perguntas dos jornalistas e disse que se manifestaria na avenida Paulista.

Também estavam presentes o senador Aloysio Nunes (PSDB-SP) e o deputado Paulinho da Força (Solidariedade-SP).

Na chegada à Avenida Paulista, Aécio e Alckmin foram hostilizados e desistiram de subir em um carro de som. Manifestantes gritaram "bundões", "oportunistas" e "turistas". Ao cumprimentar um cidadão, Aécio ouviu: "Você sabe que você também é ladrão". Eles passaram pouco tempo no local.

A Folha apurou que os tucanos tinham medo de serem xingados por causa do descontentamento recente causado por nota emitida pelo PSDB, que pediu cautela quando a promotoria de São Paulo pediu a prisão preventiva do ex-presidente Lula.

Os protestos deste domingo conta com a presença de número inédito de políticos. A onda de adesões segue a tendência do meio empresarial e de associações de classe que convocaram seus membros.

PROCESSO DE IMPEACHMENT

Também neste domingo, o senador Ronaldo Caiado (DEM) afirmou que, com os protestos, os opositores do governo Dilma Rousseff conseguirão maioria na Câmara dos Deputados para dar continuidade ao processo de impeachment da presidente.

"Dos 513 votantes [o processo de impeachment na Câmara] vai alcançar mais de 400 votos facilmente, para que a gente possa dar continuidade ao processo", afirmou. São necessários dois terços dos votos (342).

"Com essa manifestação de hoje [domingo], aquilo que era tido como um empecilho [conseguir que 342 deputados votem para dar continuidade ao processo de impeachment na Câmara] será uma realidade", disse Caiado.

O senador disse ainda que "nenhum parlamentar vai votar contra a sua base, muito menos contra a estrutura que o elegeu".

Líderes do DEM anunciaram durante reunião no hotel Macksoud Plaza, em São Paulo, que querem dar início ao processo de impeachment nesta semana.

"Estamos vendo aqui na avenida Paulista, talvez, a maior manifestação de todos os tempos contra o governo do PT. Por isso, temos certeza que nesta semana, nós estejamos instalando a comissão processante e, nos próximos dias, tenhamos o impeachment da presidente Dilma", disse Pauderney Avelino (DEM-AM).

"Uma manifestação desse tamanho mostra que o governo Dilma não tem como continuar", disse Agripino Maia.

"É necessário haver humildade [do governo] diante dos fatos. Essa manifestação falará alto à base do governo, ao PMDB, ao PR, porque não precisa falar mais ao PSDB, ao DEM. a base do governo vai se sensibilizar que precisam se conscientizar de que precisam completar os 342 votos para o impeachment", disse Maia.


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