O lobista Mauro Marcondes foi impedido por seu advogado, Roberto Podval, de dar explicações sobre o pagamento de R$ 2,4 milhões à empresa de um dos filhos do ex-presidente Lula, Luis Cláudio Lula da Silva.
Questionado pelo juiz Vallisney Oliveira durante audiência da ação penal da Operação Zelotes nesta quarta-feira (9), Marcondes ia responder, mas seu advogado disse que o caso não é objeto deste processo.
Os pagamentos ao filho de Lula são apurados em um outro inquérito, enquanto esta denúncia acusa Marcondes de comprar medidas provisórias do governo federal favoráveis ao setor automotivo.
"Não é objeto desta denúncia, não está sendo investigado aqui. Só ia politizar o processo", disse Podval à imprensa. "A politização só me atrapalha, não me ajuda", afirmou. Podval disse ainda que serão prestados os esclarecimentos em outro momento.
O juiz Vallisney abordou o assunto quando Marcondes falava de pagamentos que havia feito.
"Gostaria muito de esclarecer os pagamentos, mas devo obediência ao meu advogado", respondeu Marcondes.
Em seu depoimento, ele negou ter pagado pela edição de medidas provisórias e disse que fez apenas um trabalho de lobby. Afirma que foi contratado pelo setor para fazer um trabalho técnico que mostrasse a importância da prorrogação de benefícios fiscais ao setor automotivo.
"O lobby é o antídoto da corrupção. Quem faz lobby não precisa corromper. Quem corrompe não precisa fazer lobby. Corrupção eu não aceito em nenhuma hipótese", afirmou.
Disse, por exemplo, que "nunca" faz reunião com um representante do governo sem a presença de outros integrantes da equipe dele e da sua. "É uma cautela que eu sempre tive", afirmou.
"Tenho 56 anos de atividade profissional. Nunca precisei corromper ninguém, nunca cometi um ato ilícito", disse.
Marcondes está preso desde o fim do ano passado, devido à deflagração de uma das fases da Zelotes, na Papuda, no Distrito Federal.
O Ministério Público suspeita que os pagamentos ao filho de Lula tenham relação com contrapartidas dadas pelo governo. Luís Cláudio argumenta que prestou serviços na área de marketing esportivo. Relatório da Polícia Federal sustenta que a consultoria prestada pelo filho de Lula se baseou na cópia de documentos disponíveis na internet, especialmente na Wikipedia.