Folha de S. Paulo


MST invade afiliada da TV Globo em Goiânia

Manifestantes invadem sede da afiliada da Globo em Goiânia

Integrantes do MST (Movimento sem Terra) invadiram o prédio da afiliada da Rede Globo em Goiânia (GO) na noite desta terça-feira (8).

O grupo de cerca de 70 pessoas pichou paredes e gritou em coro expressões contra a emissora, como "o povo não é bobo, abaixo a Rede Globo".

No prédio fica a sede do Grupo Jaime Câmara, que, além da TV, abriga dois jornais e a sucursal da rádio CBN.

Cristiano Borges/O Popular
Movimento Sem Terra (MST) em invasão à afliada da Rede Globo em Goiânia, na noite desta terça (8)
Movimento Sem Terra (MST) em invasão à afliada da Rede Globo em Goiânia, na noite desta terça (8)

Os manifestantes, alguns com o rosto coberto, ocuparam a área da recepção e impediram a entrada e saída de pessoas do edifício por cerca de meia hora. Eles foram embora com a chegada da Polícia Militar. Não houve confronto.

Nas paredes foram pichadas expressões como "Globo e ditadura de mãos dadas", "Fora Globo" e "Não vai ter golpe". Também foi colada uma ilustração em que Roberto Marinho, fundador do Grupo Globo, aparece de mãos dadas com o general João Figueiredo, que foi presidente durante a ditadura militar.

Antes de ir para o local, os manifestantes haviam ocupado o prédio da Secretaria de Estado da Fazenda de Goiás. O órgão divulgou comunicado em que afirma que, "segundo os líderes do movimento", o movimento ocorria "em defesa da natureza, alimentação saudável e contra os transgênicos, entre diversas outras bandeiras".

Também nesta terça, integrantes de movimentos ocuparam o Palácio Anchieta, sede do governo do Espírito Santo.

Em nota, a TV Globo afirmou se tratar de "uma tentativa de intimidação ao trabalho da imprensa" e que "toda intimidação [...] é uma tentativa de censura, uma afronta aos princípios constitucionais".

"A TV Globo continuará fazendo o seu trabalho como sempre fez, com alto nível de profissionalismo", afirma.

OUTRO LADO

Segundo Gilmar Mauro, da coordenação nacional do MST, os atos em Goiás e Espírito Santo foram deliberados pelas mulheres do movimento, como parte da jornada nacional do Dia das Mulheres. "Os atos foram contra o agronegócio, o uso de veneno na agricultura, em defesa da reforma agrária e contra a possibilidade de golpe", disse.

A Folha não localizou a direção nacional da CUT.

REPERCUSSÃO

Em nota, a ANJ (Associação Nacional de Jornais) disse condenar com veemência a invasão da sede do grupo Jaime Câmara e chamou a ocupação de "ato criminoso próprio de grupos extremistas, incapazes de conviver em ambiente democrático".

"É lamentável que o vandalismo seja usado contra os meios de comunicação, que cumprem sua missão de informar a sociedade", diz a associação.

A entidade diz ainda que os manifestantes do buscam "intimidar e constranger o trabalho jornalístico" e que assim atingem "o direito dos cidadãos de serem livremente informados".

Ao jornal "O Popular", de Goiânia, a Abert (Associação Brasileira de Emissoras de Rádio e Televisão) afirmou repudiar os atos de vandalismo do MST e considerá-los uma forma de intimidação à imprensa.


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