Folha de S. Paulo


Para Dilma, condução coercitiva de Lula foi 'desnecessária'

Alan Marques/Folhapress
BRASÍLIA, DF, BRASIL, 04.03.2015. àA presidente Dilma Rousseff recebe o Comitê de Articulação Federativa e representantes das Associações Estaduais de Municípios. (FOTO Alan Marques/ Folhapress) PODER
A presidente Dilma Rousseff

No dia em que o ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva foi alvo de nova fase da Operação Lava Jato, a presidente Dilma Rousseff saiu em defesa nesta sexta-feira (4) de seu antecessor no Palácio do Planalto e avaliou como um "desnecessária" a expedição de um mandado de condução coercitiva contra o petista.

Em reunião com a Frente Nacional de Prefeitos, a presidente abriu seu discurso com uma espécie de desabafo e lamentou o episódio envolvendo o seu padrinho político. Segundo relatos de presentes, ela avaliou que a situação está saindo da normalidade e do que prega o estado democrático de direito.

Ela ponderou a necessidade de se respeitar as instituições judiciais do país, mas ressaltou que o petista nunca havia se negado a prestar esclarecimentos sobre as suspeitas contra ele.

Mais cedo, o ministro da Comunicação Social, Edinho Silva, também avaliou como um "exagero" o mandado de condução coercitiva e reconheceu que o episódio é "ruim" e gera um desgaste para o partido.

"É um exagero e isso ficou nítido", criticou.

Preocupada, a presidente Dilma Rousseff convocou nesta manhã uma reunião de emergência com seus ministros mais próximos no Palácio do Planalto para discutir os efeitos e a estratégia do governo federal diante do episódio.

No diretório nacional do partido, o presidente do PT em São Paulo, Emídio de Souza, saiu também em defesa do petista.

Segundo ele, o juiz Sergio Moro e a Polícia Federal passaram dos limites e armaram um "espetáculo patético e vergonhoso" contra o petista. "Foi desnecessário", resumiu.

No encontro, a petista também fez considerações sobre a delação premiada do senador Delcídio do Amaral (PT-MS). Segundo relatos de presentes, ela não citou o nome do petista, chamando-o apenas de delator, e disse que o conteúdo não era relevante.

Numa tentativa de minimizar as acusações dele, a petista lembrou que ele tinha a esperança de sair da prisão, indicando que esse objetivo o motivou a fazer uma delação premiada.

No encontro na capital paulista, o partido discutirá a realização de protestos no país inteiro, inclusive em frente à sede da Polícia Federal em Curitiba, em solidariedade ao petista.

A Polícia Federal executou mandados de busca e apreensão no prédio do ex-presidente e de seu filo Fábio Luíz Lula da Silva –também conhecido como Lulinha.

Essa fase da operação, batizada de Aletheia, apura se empreiteiras e o pecuarista José Carlos Bumlai favoreceram Lula por meio do sítio em Atibaia e o tríplex no Guarujá. O ex-presidente nega as acusações.

Editoria de Arte/Folhapress

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