Folha de S. Paulo


Em depoimento, Lula perde paciência com pergunta sobre pedalinhos

Lula chega ao PT

O ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva registrou sua irritação em três horas e meia de depoimento prestados à Polícia Federal.

Segundo o deputado Paulo Teixeira (PT-SP), que assistiu a maior parte do depoimento, Lula disse que sua condução coercitiva era desnecessária. Ele perdeu a paciência quando perguntaram-lhe sobre pedalinhos mantidos pela família no sítio de Atibaia.. Dois pedalinhos que permanecem em um lago no sítio Santa Bárbara, em Atibaia (SP), foram comprados por um militar destacado como assessor de Lula.

Editoria de Arte/Folhapress

"Essa pergunta não está à altura da Polícia Federal", reagiu Lula, segundo relato de Paulo Teixeira.

Como parte das ações da 24ª fase da Lava Jato, Lula foi alvo nesta sexta-feira (4) de mandados de condução coercitiva (quando o investigado é levado para depor e depois liberado) e busca e apreensão em seu apartamento em São Bernardo do Campo e foi encaminhado ao aeroporto de Congonhas, em São Paulo, onde prestou depoimento.

Essa fase da operação, batizada de Aletheia, apura se empreiteiras e o pecuarista José Carlos Bumlai favoreceram Lula por meio do sítio em Atibaia e o tríplex no Guarujá. O ex-presidente nega as acusações.

Ainda segundo Teixeira, Lula mostrou contrariedade quando questionado sobre o tríplex no Guarujá. Repetindo não ser proprietário do imóvel, recomendou que a pergunta fosse direcionada a quem disse que o apartamento era seu. "Não sou dono desse tríplex. Perguntem a quem disse que sou", respondeu segundo relato de Teixeira.

O deputado conta que Lula lembrou ter prestado outros depoimentos e que, por isso, fora submetido a constrangimento desnecessário. O ex-presidente tomou a iniciativa de desqualificar os termos da proposta de delação premiada do senador Delcidio do Amaral, afirmando que, no afã de se livrar, falam "absurdos". "Fazem delações por desespero", teria dito.

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Os agentes também perguntaram sobre a relação de Lula com dirigentes petistas, tendo ele defendido José Dirceu e João Vaccari Neto, e com empresários. Os policiais perguntaram até se Lula recebe presentes de comitivas estrangeiras, incluindo garrafas de vinho. Lula respondeu que sim, mas que não saberia diferenciar um rótulo nacional de um estrangeiro.

Ao deixar a sala de depoimento, cercado de parlamentares, Lula mostrou que ainda vestia a camiseta de ginástica que usava quando a polícia chegou a seu apartamento. Ele pediu para se pentear antes de deixar a ala de autoridades do aeroporto de congonhas.

Teixeira relatou que Lula apresentou ao delegado e aos dois procuradores que o interrogaram os mesmos documentos que sua defesa levou aos Ministério Público do Estado de São Paulo para justificar que o petista e sua mulher, Marisa Letícia, não prestassem depoimento à instituição. Segundo o parlamentar, quando questionado sobre a propriedade, Lula disse que a resposta estava nos documentos.

Lula também foi perguntado se conhecia Léo Pinheiro, sócio da OAS, empreiteira que pagou por benfeitorias no sítio em Atibaia e no triplex em Guarujá, ambos alvos de investigação da Lava Jato.

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