Folha de S. Paulo


Novo ministro foi o menos votado em lista para Ministério Público da Bahia

28.abr.14/Ministerio Público do Estado da Bahia
28 de abril de 2014 - Wellington César Lima e Silva Foto: Ministerio Publico do Estado da Bahia
Wellington César Lima e Silva, procurador-geral adjunto do Estado da Bahia

O novo ministro da Justiça, Wellington César Lima e Silva, ganhou a confiança do ministro da Casa Civil, Jaques Wagner, após ter chefiado o Ministério Público da Bahia por dois mandatos consecutivos na gestão dele como governador.

Atualmente, Wellington, 50, era o número três na hierarquia da instituição, ocupando o cargo de procurador-geral de Justiça adjunto para assuntos jurídicos.

Ingressou no Ministério Público da Bahia em 1991, tendo atuado em comarcas do interior até 1995, quando foi promovido para Salvador.

Na primeira vez em que chegou ao cargo de procurador-geral de Justiça da Bahia, Wellington foi o menos votado de uma lista tríplice encaminhada pelo Ministério Público a Wagner.

Pela legislação, os membros do Ministério Público votam nos candidatos ao cargo, mas cabe ao chefe do Executivo a nomeação de um dos três mais votados.

Wellington teve 140 votos em 2010, atrás da promotora Norma Angélica Reis (287 votos) e do promotor Olímpio Coelho (229). À época, Wagner justificou a escolha do terceiro colocado com a prerrogativa de seu cargo, mas houve protestos de entidades de classe, que pediam a nomeação do mais votado.

Foi reeleito para o cargo em 2012, desta vez com 341 votos, encabeçando a lista tríplice.

Embora chefiasse a instituição que tinha a prerrogativa de investigar o governador e sua gestão, não houve nenhum embate significativo entre Wellington e Wagner nos seus dois mandatos no cargo.

Pelo contrário. O Ministério Público até mesmo moveu uma ação de injúria contra um deputado estadual, Targino Machado (DEM-BA), por ter chamado Wagner de "canalha-mor" em entrevista a uma rádio. Ajuizada em 2012, a ação foi suspensa em 2013 após uma decisão liminar (provisória) do STJ (Superior Tribunal de Justiça).

Wellington já expressou sua opinião sobre a chamada "polícia judiciária", que abrange a Polícia Federal, em uma entrevista concedida em 2013, ao falar sobre a PEC 37, que iria retirar poderes de investigação do Ministério Público. Na ocasião, ele afirmou que a polícia deve ter atribuição de investigar, mas que precisa do apoio de outras instituições, como o Ministério Público, e que não pode haver uma "plena hegemonia" de uma delas.

Wellington não foi localizado pela Folha nesta segunda-feira (29).

PRESSÕES

Cardozo decidiu deixar o cargo depois que a pressão sobre ele, vinda do PT e de partidos da base do governo, chegou a limites "intoleráveis", segundo revelam amigos próximos.

A nomeação de César já era estudada pelo governo federal desde o fim do ano passado. Com a possibilidade da saída de Cardozo, que já havia pedido para deixar a pasta mais de uma vez, o atual ministro da Casa Civil, Jaques Wagner, articulava a nomeação do aliado político para o posto.

O nome de César foi sugerido em janeiro por Wagner a Dilma e tinha o apoio do atual ministro da Justiça, que o defendeu como uma possibilidade para substituí-lo.

Segundo a Folha apurou, pesou na decisão da petista o bom trânsito de César junto a ministros do STF (Superior Tribunal Federal) e o fato dele ser um nome de fora do meio político, o que o tornaria menos suscetível a pressões para segurar as investigações da Operação Lava Jato.

Ao mesmo tempo, a nomeação de um aliado político de Wagner também teve como objetivo acalmar o ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva, que vinha acusando nos bastidores Cardozo de não controlar a Polícia Federal.

Mesmo que a saída do cargo tenha colocado em risco a permanência de Leandro Daiello à frente da direção-geral da Polícia Federal, ele permanecerá no cargo da PF.

A posse dos novos ministros deve ocorrer na quinta-feira (3).


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