Folha de S. Paulo


PF apreende carros de luxo de lobista acusado de pagar marqueteiro do PT

Carros apreendidos pela PF nesta segunda (23)

Carros de luxo, obras de arte, relógios da marca Rolex e passeios de barco na baía de Angra dos Reis, no sul fluminense. Símbolos de ostentação que fizeram o engenheiro polonês Zwi Skornicki, 66, e seu filho Bruno, 37, ficarem conhecidos pelo alto poder aquisitivo que possuem.

Lobista, Skornicki é acusado de fazer depósitos em contas do publicitário João Santana no exterior. O engenheiro foi preso nesta segunda (22) pela Polícia Federal, em sua casa, na Barra da Tijuca, zona oeste do Rio. O filho Bruno e a atual mulher do engenheiro, Eloisa, prestaram depoimento na PF carioca.

Pai e filho são sócios na empresa de consultoria petroleira Eagle do Brasil –que, segundo as investigações da Lava Jato, recebeu depósitos e pagou propina a servidores da Petrobras, entre eles o ex-gerente Pedro Barusco.

A Eagle funciona desde 1996, mas Skornicki já atuava no mercado desde meados dos anos 1970. Foi diretor-superintendente da OPL (Odebrecht Perfuração Limitada) e, posteriormente, sócio de um ex-presidente da Petrobrás, Alfeu Valença, em outra empresa de consultoria.

De acordo com amigos, desde a década de 1980, após uma temporada na Índia, enviado pela Odebrecht, Skornicki está no Brasil. Não aparentava, segundo contam, ter dinheiro, mas "gostava de realizar festas".

Skornicki nunca escondeu que atuava junto à diretoria da Petrobras. O ex-gerente da companhia Pedro Barusco declarou, em sua delação premiada, que esta atuação acontecia desde o governo de Fernando Henrique Cardoso.

O lobista defendeu por anos os interesses do estaleiro coreano Keppel Fels. Suas relações com a empresa asiática vêm do fim dos anos 1980. Na década seguinte, foi responsável pelo momento da virada da Fels no Brasil, ao convencer executivos da empresa a disputar a licitação para duas sondas da Petrobras, P-18 e P-19 –o grupo acabou ganhando a primeira.

Pai de três filhos, o polonês passou a levar uma vida mais reservada após o início da operação Lava Jato. A partir de 2014 reduziu as viagens ao exterior, comuns antes da investigação.

O gosto pela ostentação já havia dado ao menos um susto no engenheiro, segundo relato de amigos: em novembro de 2014, Skornicki e Bruno foram assaltados por um grupo de motoqueiros especializados em roubos de Rolex, quando chegavam à churrascaria Barra Brasa.

Diferentemente do pai, Bruno manteve sua rotina e os passeios em iates nos fins de semana. É surfista e gosta de malhar diariamente, com uma personal trainer que mantém há oito anos.

Em fevereiro do ano passado, Zwi Skornicki foi conduzido para prestar depoimento na sede da PF, no Rio. Na ocasião, negou participar de corrupção na Petrobras e não declarou suas contas no exterior nem as quatro offshores encontradas na investigação da Lava Jato.

LAVA JATINHO

Na busca e apreensão realizadas na época, os policiais levaram 48 obras de arte de sua casa –35 delas foram expostas no museu Oscar Niemeyer, em Curitiba (PR). Entre elas, quadros de Salvador Dalí, Vik Muniz, Romero Britto e Cícero Dias.

Enquanto arrumavam as obras no caminhão para a viagem até o Paraná, os funcionários da empresa de mudança não perceberam que o gato do engenheiro se misturou às peças, sendo encontrado apenas na chegada a Curitiba. No Paraná, ganhou o nome de Lava Jatinho.

Nesta segunda (22), em um imóvel de Skornicki, os policiais federais encontraram e apreenderam uma lancha e uma coleção de carros: Alfa Romeo Spider vermelho, Chevrolet Bel Air 1955 "hot rod" (azul metálico), Mercedes-Benz 280 SL Pagoda 1963-1971 (verde escuro), Chevrolet Corvette conversível 1966 (prateado), Mercedes SL R107 1972-1989 (preto) e um Porsche 911 Targa 1978 (branco).


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