Folha de S. Paulo


Editor da Folha cita frases marcantes ao encerrar o Encontro Folha

Encerramento

O editor-executivo da Folha, Sérgio Dávila, encerrou o Encontro Folha de Jornalismo, evento que comemorou os 95 anos do jornal, completados nesta sexta (19), e discutiu o futuro do jornalismo.

"Como disse Otavio Frias Filho [diretor de Redação da Folha], o jornalismo vive um profundo paradoxo. Nunca se divulgou nem se leu tanta notícia como hoje. Mas a sustentaço econômica da atividade foi abalada pela transformação tecnológica que permitiu que houvesse esse acesso inédito às notícias."

Dávila agradeceu aos 23 debatedores que, em oito mesas, discutiram a cobertura jornalística no campo internacional, político e econômico. "Sem hipocrisia e graciosamente mostraram coragem e independência ao aceitar nosso convite para debater o futuro do jornalismo."

Durante o evento, o jornal foi questionado por ter aceitado patrocínio da Odebrecht, empresa envolvida no escândalo da Lava Jato. Dávila respondeu: "A gente gosta de lembrar a divisão Igreja-Estado. O interesse comercial não deve se imiscuir nas prioridades das editorias. E as prioridades da Redação não devem interferir nas do comercial".

Moacyr Lopes Junior/Folhapress
Sérgio Dávila durante o Encontro Folha de Jornalismo, no MIS, na comemoração de 95 anos da Folha
Sérgio Dávila durante o Encontro Folha de Jornalismo, no MIS, na comemoração de 95 anos da Folha

Em resposta, também no evento, Dávila disse que ninguém tinha recebido para participar do debate e que o fato de a empresa estar sob investigação não significa condenação. "Se fosse assim, ninguém poderia assistir aos filmes nem ir a eventos patrocinados pela Petrobras. E ela patrocina quase todos."

O editor-executivo da Folha terminou seu discurso em tom bem humorado, destacando as melhores frases de cada mesa. Terminou com a sua preferida, de um dos presentes na plateia que, com um exemplar do jornal nas mãos, dirigiu-se aos debatedores dizendo: "Isso aqui é minha pinga e meu cigarro todo dia" [mostrando o jornal].

Leia abaixo as aspas mencionadas por Dávila como as mais marcantes das oito mesas:

"Não se faz revolução com a cultura do passado"
Leão Serva

"O único jornalismo [pelo governismo] aceito não é jornalismo, é relações públicas"
Eugenio Martinez

"[A lei do direito de resposta] só reforça aquilo que deve ser o principal. A gente tem que apurar o que é verdade e questionar a si mesmo e o seu trabalho. Isso é o que nos leva para frente"
Tânia Alves

"Crônica é tudo aquilo que a gente disser que é crônica"
Luis Fernando Verissimo

"Nunca poderíamos imaginar que teríamos um secretário do Tesouro doido"
Samuel Pessôa

"Ao buscar um médico, ninguém pede um médico cidadão"
Mayte Carrasco

"A Lava Jato não é um tsunami, mas é um novo planeta"
Mario Cesar Carvalho

"Conspiração é só a partir de um certo nível"
Josias de Souza

"Nem todo petista é um petralha, mas todo petralha é um petista"

"Tucano é um petista limpinho"
Reinaldo Azevedo

"Não sei quais jornais o Reinaldo anda lendo"
Ricardo Melo

"Isso aqui [mostrando o jornal] é minha pinga e meu cigarro todo dia"
José Francisco da Silva, que provocou risos na plateia ao se levantar e, na boca do palco, elogiar o trabalho de Josias de Souza


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