Folha de S. Paulo


ANÁLISE

Decretar fim da carreira política de Lula é tentador, mas precipitado

Em menos de dois anos, a rejeição de Lula pulou de 17% para 47%, segundo o Datafolha. A parcela dos que o consideram o melhor presidente que o Brasil já caiu de 56% para 39%. Com 22% das intenções de voto, está nove pontos atrás de Aécio Neves (PSDB) na corrida para 2018.

Embora muito tentador, é um erro decretar neste momento a morte política do ex-presidente e enterrar suas chances na próxima eleição.

Lula já foi dado como acabado pelo menos três vezes em sua longa carreira política e sempre ressurgiu para surpreender seus críticos.

Rejeição ao ex-presidente Lula

Intenção de voto em 2018

Qual foi o melhor presidente que o Brasil já teve?

Em 1994, foi atropelado pelo Plano Real e teve sua derrota eleitoral mais doída.

Três anos depois, veio o primeiro escândalo sério a envolver seu nome: a denúncia de conluio entre prefeituras petistas e a Cpem, consultoria que na época foi associada ao nome de Roberto Teixeira, compadre de Lula.

Por fim, e mais importante, o mensalão, em 2005.

A resiliência do petista em cada uma dessas situações impressiona. Nem a confissão do ex-marqueteiro Duda Mendonça, de que recebeu recursos de campanha não declarados no exterior, o derrubou. Se uma fração do que Duda disse viesse à tona agora, seria o adeus de Dilma.

A aposta na cúpula petista é que Lula será candidato de qualquer maneira em 2018, nem que seja apenas para ter uma plataforma para se defender e salvar seu partido da extinção. Nem isso para ele é novo: foi exatamente nessas circunstâncias que concorreu no sacrifício em 1998, para uma derrota certa na reeleição de Fernando Henrique.

Pode-se argumentar que a situação, nesse momento, é mais grave. Há no PT regra não escrita de que pecados cometidos em nome do projeto são compreendidos, mas nunca se em nome pessoal.

Lula aproxima-se perigosamente desse limiar com as evidências que se avolumam de que empresas investigadas pela Operação Lava Jato reformaram o sítio que ele usa como seu, em Atibaia (SP).

Na essência, não é muito diferente da reforma na casa de José Dirceu, em Vinhedo, pelo lobista Milton Pascowitch. Dirceu, hoje, é uma figura isolada no PT.

A popularidade de Lula - Durante o governo, em %

Lula, obviamente, ainda está longe disso. Mantém muito de seu status mítico dentro do partido. Tem recall, carisma e dois mandatos que nem os opositores mais ferozes negam que tenham sido bem-sucedidos.

Conta, assim, com uma base sobre a qual concorrer em 2018, na hipótese de conseguir em algum momento parar de afundar.

Num cenário de economia em alguma recuperação, ainda que tímida, teria uma chance de chegar ao segundo turno. E, daí, é uma eleição aberta.

As investigações

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A trajetória de Lula


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