Folha de S. Paulo


Ministério Público reabre investigação sobre compra de caças suecos

A Procuradoria da República do Distrito Federal reabriu a investigação sobre a compra dos caças suecos Gripen, oficializada pela FAB (Força Aérea Brasileira) em 2014. Há suspeitas de superfaturamento e corrupção de agentes públicos.

O inquérito original havia sido arquivado no ano passado por falta de provas. A decisão de dar continuidade à apuração ocorreu com o surgimento de novos indícios de irregularidades, durante a Operação Zelotes, que mira em um suposto esquema de compra de medidas provisórias.

Réu na ação penal originária da Zelotes, Mauro Marcondes atuou como lobista da empresa SAAB, fabricante dos caças, junto ao governo brasileiro, de acordo com a Procuradoria da República.

"A suspeita é que a atuação (do lobista) possa ter envolvido a corrupção de agentes e ex-agentes públicos", afirma o Ministério Público Federal.

A aquisição das aeronaves, cujas negociações começaram durante o governo do ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva, custou R$ 4,7 bilhões (em valores de janeiro de 2015).

Procurador responsável pelo inquérito, Anselmo Henrique Cordeiro Lopes, pedirá à FAB e à empresa SAAB que enviem informações atualizadas a respeito do caso.

A primeira investigação visou descobrir se houve irregularidade no fato de o Brasil ter requisitado uma tela única principal na cabine de comando do Gripen, alterando a configuração original, que conta com três displays para gerenciamento do voo e dos sistemas do avião.

A mudança levou a um encarecimento do projeto e a tela seria produzida pela empresa AEL Sistemas, com sede no Rio Grande do Sul e controlada pela fabricante israelense Elbit. A AEL tem em seus quadros ex-oficiais da FAB, além de parentes de pessoal da ativa.

LOBBY

Durante as negociações para a compra dos caças, Marcondes usou como argumento a promessa de que os suecos investiriam, em contrapartida, US$ 200 milhões em São Bernardo do Campo (SP), berço político e município de residência de Lula, conforme mostrou a Folha.

A promessa consta da minuta de uma carta, datada de agosto de 2012, apreendida pela PF em poder de Marcondes e tendo Lula como suposto destinatário –o ex-presidente negou, em depoimento à PF, ter recebido a comunicação ou tratado do assunto com o lobista.

Marcondes é um dos principais personagens do suposto esquema de compra de MPs, apurado pela Zelotes. A empresa dele, Marcondes e Mautoni, pagou R$ 2,4 milhões à LFT Marketing, que pertence a Luís Claudio Lula da Silva, filho do ex-presidente Lula.


Endereço da página:

Links no texto: