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Público vaia Alckmin e aplaude Dilma em entrega de casas no interior de SP

Jorge Araújo/Folhapress
A presidente Dilma Rousseff e o governador de São Paulo, Geraldo Alckmin, em evento em Indaiatuba (SP)
A presidente Dilma Rousseff e o governador de São Paulo, Geraldo Alckmin, em evento em Indaiatuba

A cerimônia de entrega de 7.840 moradias do programa Minha Casa, Minha Vida, feita simultaneamente nesta quarta (3) em nove municípios de cinco Estados brasileiros, virou ato de desagravo à presidente Dilma Rousseff, um dia após ela ter sido vaiada no Congresso Nacional ao pedir a aprovação da volta da CPMF.

A presidente participou da entrega de 2.048 apartamentos em Indaiatuba (a 98 km de São Paulo). Presente no evento, o governador de São Paulo, Geraldo Alckmin (PSDB), foi vaiado pela plateia de convidados, mais próxima ao palco, formada por políticos, assessores e militantes do PT, o que causou mal-estar.

As mensagens mais calorosas de apoio vieram de prefeitos e governadores. Já os ministros participantes se restringiram a destacar as ações do governo e a animar a plateia. Participaram oito ministros, entre eles Miguel Rosseto (Trabalho e Emprego) e Tereza Campello (Desenvolvimento Social).

O governador paulista não comentou as vaias. Apesar disso, no discurso, ressaltou a importância do programa para a geração de emprego e a oportunidade da moradia. No Estado, o governo tucano participa do programa com recursos que auxiliam no acabamento das moradias.

No final da tarde, o deputado estadual Pedro Tobias, presidente do Diretório Estadual do PSDB-SP, enviou nota sobre a manifestação. "As vaias contra o governador Geraldo Alckmin, além de orquestradas, foram fruto da indignação seletiva dos petistas devido às suas últimas declarações envolvendo o ex-presidente Lula e sua relação com empreiteiras. Uma pena que eles não mantenham o mesmo grau de indignação quando o assunto é a roubalheira institucionalizada nos governos Lula e Dilma, os desmandos na Petrobras ou o mensalão. Neste caso, continuam chamando condenados de heróis do povo brasileiro", diz o e-mail.

Durante discurso, a presidente falou sobre a terceira edição do Minha Casa, Minha Vida e afirmou que, em razão da crise, o governo teve que rever valores e que a intenção é construir cerca de 2 milhões de moradias até 2018. Antes, a própria presidente chegou a dizer que a expectativa era de 3 milhões de novas moradias.

"Nós tivemos que rever valores, nós também passamos por dificuldades, o Brasil passa por dificuldades. Nós estamos calculando que vamos fazer em torno de 2 milhões de moradias até 2018", disse a petista, em Indaiatuba. De acordo com ela, até o final do mandato, serão cerca de 6 milhões de moradias nas três etapas do programa.

Na mensagem transmitida ao vivo por telões, o prefeito de Camaçari (BA), Ademar das Chagas (PT), se referiu a Dilma como "a mãe" do Minha Casa, Minha Vida, e afirmou conhecer o esforço da presidente para promover ações para famílias mais carentes. No município, foram entregues 1.488 apartamentos.

Em Salvador, o governador da Bahia, Rui Costa (PT), afirmou ter orgulho de Lula e de Dilma por terem criado o Minha Casa, Minha Vida. Já o prefeito da capital, Antônio Carlos Magalhães Neto (DEM), da oposição, foi mais contido e apenas agradeceu o empreendimento. Na cidade, 500 apartamentos foram entregues.

Em Luís Eduardo Magalhães (BA), o prefeito Humberto Santa Cruz (PP) agradeceu a presidente Dilma "pelo que tem feito pelo país" e por ajudar as famílias brasileiras a conquistar a casa própria. Ele foi apoiado pelo vice-governador da Bahia, João Leão (PP), presente no município.

Em Caucaia (CE), o vice-prefeito Paulo de Tarso Magalhães Guerra falou da sensibilidade de Dilma em promover ações que beneficiaram o município nordestino. Além de SP, BA e CE, foram feitas entregas de moradias no Maranhão e no Paraná.

ZIKA

No seu discurso, a presidente Dilma Rousseff tentou passar a mensagem de prevenção contra o mosquito Aedes aegypti, transmissor de doenças como a dengue, a chikungunya e a zika, cuja ocorrência está ligada aos casos de microcefalia (má-formação do crânio e do cérebro) em bebês.

Ela afirmou que conversou com o presidente dos EUA, Barack Obama, sobre o desenvolvimento de vacinas contra o zika, e também falou sobre outros estudos em parceria, como o do Instituto Butantan, de São Paulo, e a farmacêutica Sanofi, também para desenvolvimento de vacina.


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