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Lula é achincalhado por coxinhas, diz advogado do petista

Alan Marques/Folhapress
O advogado Nilo Batista (à esq.), que defende o ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva
O advogado Nilo Batista (à esq.), que defende o ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva

Responsável pela defesa do ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva, o advogado Nilo Batista disse, nesta segunda-feira (1º), que o petista é vítima da maledicência de "coxinhas" –termo associado a opositores do PT– e que a obra no sítio em Atibaia frequentado pelo petista é "um puxado".

Em entrevista à Folha, o advogado refuta a tese de que Lula tenha mudado de versões acerca do processo para a compra de um tríplex no Guarujá, que não se concretizou. Ele terá de depor como investigado no inquérito conduzido pelo Ministério Público de São Paulo que investiga lavagem de dinheiro e ocultação de patrimônio.

Batista –que se reuniu com Lula na sexta-feira (29)– afirmou que o "combustível nesse processo de achincalhamento é os coxinhas não admitirem que o um operário possa comprar um tríplex".

"Que nem é um trípleeeex", emendou Nilo, marcando a palavra tríplex na tentativa de mostrar que o apartamento –de 215 m², segundo o Instituto Lula – não é tão grande assim.

Nilo alfinetou: "tem gente que concorreu à Presidência e tem apartamento de frente para o mar na Vieira Souto e não falam nada". Durante a campanha de 2014, o senador Aécio Neves (PSDB-MG), adversário derrotado pela presidente Dilma Rousseff, morou em Ipanema, no Rio.

O advogado de Lula afirmou que não deseja que o ex-presidente Fernando Henrique Cardoso seja investigado.

Mas reclamou do tratamento dado a seu cliente, lembrando que o ex-diretor da área Internacional da Petrobras Nestor Cerveró disse à Procuradoria-Geral da República que a venda da petrolífera Pérez Companc envolveu pagamento de propina no valor de US$ 100 milhões no governo FHC. "Não vão investigar nunca."

Batista contou que o empresário Léo Pinheiro, da OAS, insistiu para que fosse feita uma reforma no apartamento reservado ao ex-presidente, no Guarujá.

Mas que Lula só soube do custo da obra, calculada em R$ 777 mil, pelos jornais.

"A obra encareceu demais o apartamento e Lula desistiu. Mas é crime querer comprar um apartamento?".

Segundo ele, o ex-presidente sempre admitiu ter adquirido cotas para a futura aquisição de um imóvel. À época, a negociação era feita pela cooperativa dos bancários, a Bancoop.

Mas, com a quebra da cooperativa, o empreendimento foi assumido pela OAS. "A lei de cooperativas se estrutura em cotas", justificou.

BOTE NA SALA

O advogado minimizou ainda a revelação feita pela Folha de que a Odebrecht teria sido responsável pela reforma em um sítio frequentado por Lula, em Atibaia, segundo fornecedores da obra.

Lembrando que o petista não é proprietário, mas "beneficiário indireto", ele disse que Lula não ocupava mais cargo público quando as obras foram realizadas:

"Ainda não me debrucei sobre isso. Mas vamos admitir que tenha sido feita uma obra. Qual é o problema?", reage Nilo Batista.

Segundo o advogado, um empresário poderia ter feito uma visita ao sítio e se oferecido para fazer uma obra, após avaliar a precariedade de suas instalações. "Aquilo é um puxado. E Lula não era mais funcionário público".

Alertado para o fato de que a obra começou no fim de 2010, quando Lula ainda ocupava a Presidência, Nilo Batista alegou que falava "de forma hipotética". Repetiu o argumento de que o sítio não pertence a ele.

A propriedade, conforme admite o ex-presidente, é frequentada por ele sobretudo nos finais de semana.

Segundo revelou a Folha, um barco de pesca foi comprado por Marisa, mulher de Lula, e entregue no sítio, provando o elo da família com a propriedade.

O advogado ironizou o fato: "Iria colocar o barco onde? Dentro do apartamento, como uma jardineira, colocar o bote na sala?".

As versões sobre os imóveis


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