Folha de S. Paulo


Ex-ministro Mantega depõe na PF e passa mais de três horas no local

Pedro Ladeira - 27.out.2015/Folhapress
O ex-ministro da Fazenda Guido Mantega durante depoimento à CPI do BNDES
O ex-ministro da Fazenda Guido Mantega durante depoimento à CPI do BNDES

O ex-ministro da Fazenda Guido Mantega foi ouvido na sede da Polícia Federal nesta quinta (28), em São Paulo, pelo delegado Marlon Cajado, da Operação Zelotes, que apura a compra de medidas provisórias para favorecer montadoras de automóveis.

Sem falar com jornalistas, ele chegou à Superintendência da PF por volta das 14h e foi embora às pressas após as 17h, por uma saída lateral.

De acordo com o advogado, José Roberto Batochio, que representa o ex-ministro, seu cliente afirmou que jamais teve contato com os réus Mauro Marcondes, Alexandre Paes dos Santos e José Ricardo da Silva, todos acusados de atuarem como lobistas pela aprovação de medidas provisórias de interesse da indústria automotiva.

"Mantega nunca foi procurado por qualquer um deles para tratar de nenhum assunto", afirmou o criminalista.

Batochio, que acompanhou o depoimento, afirmou ainda que Mantega foi questionado sobre as suspeitas que pesam sobre Dyogo Henrique Oliveira, secretário-executivo do Ministério da Fazenda, que também é investigado. "Ele disse que jamais ouviu falar que Dyogo tivesse contato com essas pessoas (lobistas) ou que tenha recebido qualquer oferta escusa", disse o advogado.

Ainda segundo Batochio, Mantega disse que mantinha contato com empresários, mas para tratar de temas institucionais e em agendas de instituições que representam o setor, como Fiesp (Federação das Indústria de São Paulo) e CNI (Confederação Nacional das Indústrias).

"Ele explicou como funciona a elaboração de uma MP e disse, basicamente, que as medidas provisórias tinham por objetivo o desenvolvimento de determinadas regiões do país e que se limitavam a prorrogar o que havia sido estabelecido no governo Fernando Henrique Cardoso", acrescentou.

O ex-ministro também negou que Lula intervinha no processo de tramitação de medidas provisórias quando foi presidente.

Segundo Batochio, seu cliente sequer foi questionado sobre o pagamento de R$ 2,4 milhões feito pelo escritório de Mauro Marcondes à LFT Marketing Esportivo, empresa que pertence a Luís Claudio Lula da Silva, filho caçula do ex-presidente.

Em 2015, o juiz Vallisney de Souza Oliveira, responsável pela Operação Zelotes, determinou a quebra dos sigilos fiscal e bancário de Mantega. Após o pedido, a defesa do ex-ministro apresentou as declarações de impostos de renda e extratos bancários dele referentes aos últimos cinco anos.

Mantega e outro ex-ministro, Miguel Jorge (Desenvolvimento, Indústria e Comércio Exterior) também devem prestar depoimento a investigadores da Zelotes na semana que vem.


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