Folha de S. Paulo


Máfia da merenda também atuou no Rio de Janeiro, diz delator

O ex-presidente da Coaf (Cooperativa Orgânica Agrícola Familiar) Cássio Izique Chebabi, delator na Operação Alba Branca, afirmou em depoimento que houve pagamento de propina em contrato de merenda escolar também no município de Nova Iguaçu (RJ).

É o primeiro caso de uma cidade fora do Estado de São Paulo citado no esquema.

De acordo com Chebabi, em 2012 a Coaf obteve um contrato de R$ 5 milhões para fornecer suco de laranja à gestão municipal, sem pagar propinas, mas não recebeu os pagamentos devidos.

Dada a situação, continua o delator, a cooperativa decidiu entrar na Justiça para receber. No depoimento, o ex-dirigente diz que "o advogado Fernando Carlomagno, parente distante de sua esposa, atuou na causa, quando percebeu a lucratividade do negócio".

Em seguida, junto a outros dirigentes da Coaf, Carlomagno fundou outra cooperativa, a Conaf (Cooperativa Nacional de Agricultura Familiar).

Em 2013, com Nelson Bornier (PMDB) como novo prefeito à frente de Nova Iguaçu, de acordo com Chebabi, a Conaf —comandada por Carlomagno— ganhou nova licitação para fornecer suco de laranja, tomando o negócio que era tocado pela Coaf. Segundo o ex-dirigente, a cooperativa recém-criada repassou 15% do contrato, a título de propina, ao próprio prefeito e a secretários municipais.

O esquema na merenda escolar, que tem no centro a Coaf, foi desmontado na semana passada pela Operação Alba Branca. A investigação apura a atuação da cooperativa no pagamento de propina em troca de contratos com o poder público.

OUTRO LADO

Procurado, o prefeito de Nova Iguaçu (RJ), Nelson Bornier (PMDB) afirmou, por meio da assessoria de imprensa da prefeitura, desconhecer o caso. "Não conheço, desconheço, nunca ouvi falar".

Procurado pela Folha, o advogado Fernando Carlomagno não atendeu as ligações da reportagem. Contatado por meio de um aplicativo de mensagens, ele leu os pedidos para que comentasse o assunto, mas não respondeu.


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