Folha de S. Paulo


Ex-assessor de tucano admite encontro com lobista

Gustavo Epifanio - 27.jan.2016/Folhapress
Jéter Rodrigues, que trabalhou no gabinete do Fernando Capez na Assembleia Legislativa de São Paulo
Jéter Rodrigues, que trabalhou no gabinete do Fernando Capez na Assembleia Legislativa de São Paulo

Apontado pela Operação Alba Branca como intermediário no repasse de propina para o tucano Fernando Capez, Jéter Rodrigues, ex-assessor do atual presidente da Alesp (Assembleia Legislativa de São Paulo), Fernando Capez, admitiu à Folha ter sido procurado pelo lobista Marcel Ferreira Júlio para destravar o contrato da Coaf com a Secretaria da Educação do governo de Geraldo Alckmin (PSDB-SP).

De acordo com ele, Marcel, filho do ex-deputado Leonel Júnior, esteve no gabinete de Capez, acompanhado de César Augusto Bertholino, funcionário da cooperativa, para pedir ajuda "em pendências que estavam tendo em uma licitação que haviam ganhado, mas que não estava sendo cumprida".

"Eles queriam saber por qual motivo eles tinham ganhado a licitação, mas não estavam entregando os materiais que já deveriam estar entregando. Foi só por isso. Foi quando liguei na secretaria [da Educação] e me foi informado que aquele processo que eles haviam ganhado tinha sido cancelado e que em março de 2015 seria aberto um novo processo e que eles participariam novamente."

Em depoimento à Polícia Civil, o ex-presidente da Coaf, Cássio Chebabi, afirmou que, para conseguir fechar dois contratos com a Secretaria da Educação paulista, teve de assinar, no início de 2015,"três contratos de gaveta prevendo comissões", um deles no valor de 1% do total do contrato com o governo estadual para Jéter. Em março ou abril, segundo disse Chebabi, a Coaf assinou os contratos com a pasta da Educação.

Jéter diz não conhecer o ex-presidente da cooperativa de agricultura familiar. "Nem conheço esse cara, nunca tratei desse assunto com ele."

O ex-assessor também foi acusado por um dos investigados de ter recebido de Chebabi um cheque no valor de R$ 50 mil, a título de comissão. "Mas não o repassou, o que teria causado grandes problemas", disse Chebabi em depoimento à polícia.

Jéter negou e afirmou que o deputado Fernando Capez nunca lhe pediu nada. "Nunca citei o nome dele nem com o Marcel, nem com ninguém da Coaf", afirmou.

Para Jéter, o surgimento do nome de Capez na Alba Branca tem motivações políticas. "Na minha opinião, que sou filiado ao PSDB desde 1988, isso tem mais a ver com a questão política".

Funcionário da Assembleia Legislativa desde 1975, quando o ex-deputado Leonel Júlio presidia a Casa, Jéter diz viver hoje "uma situação financeira ruim". "Tenho um Palio 2001 que, por causa de dívida, está penhorado. Em dezembro do ano passado, fiz um empréstimo consignado de R$ 10 mil para pagar tudo o que devo", afirmou.


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