Folha de S. Paulo


Preso em operação de propina em merenda escolar fecha delação

Bruno Poletti/Folhapress
SAO PAULO, SP, 07.08.2015: Fernando Capez -Sessao Solene para homenagear o Jubileu de Prata do Ministro Marco Aurelio Mello, do Supremo Tribunal Federal. (Foto: Bruno Poletti/Folhapress, FSP-MONICA BERGAMO) ***EXCLUSIVO FOLHA***
O presidente da Assembleia Legislativa de SP, Fernando Capez (PSDB), citado em depoimento

Preso na Operação Alba Branca, que investiga desvio de dinheiro público destinado a merendas escolares, o ex-presidente da Coaf (Cooperativa Orgânica Agrícola Familiar) Cássio Izique Chebabi fechou acordo de delação premiada com o Ministério Público de São Paulo.

Na última quinta-feira (21), Chebabi prestou depoimento de seis horas a promotores, enumerando cidades em que o esquema teria operado —em seguida, o ex-dirigente foi solto de sua prisão preventiva.

"O meu cliente já aderiu a um procedimento de delação premiada", confirmou o advogado Ralph Tórtima Filho, que representa Chebabi. "Ele já começou a colaborar, inclusive já tendo prestado depoimento."

Na última terça (19), seis dirigentes da Coaf, com sede em Bebedouro (345 km de São Paulo), foram presos e a polícia vasculhou 24 endereços de suspeitos.

Segundo a polícia, a cooperativa pagava propina a funcionários de prefeituras e chefes políticos em troca de contratos de fornecimento de merenda escolar. O superfaturamento chegava a 30% dos contratos, e atingiu ao menos 22 municípios paulistas.

POLÍTICOS

Ex-funcionários da cooperativa, em depoimentos à Polícia Civil, citaram políticos como destinatários finais da propina. Dentre os mencionados estão o presidente da Alesp (Assembleia Legislativa de São Paulo), Fernando Capez (PSDB), e o presidente estadual do PMDB, deputado federal Baleia Rossi.

Além de Capez e Baleia Rossi, os políticos acusados de receberem comissão nos contratos de merenda são o deputado federal Nelson Marquezelli (PTB) e o deputado estadual Luiz Carlos Gondim (SD). A informação foi publicada pelo site da revista "Veja" na quinta (21).

O caso lança suspeitas sobre a secretaria da Casa Civil, núcleo da articulação política de Alckmin. A voz do ex-chefe de gabinete do secretário Edson Aparecido, Luiz Roberto dos Santos, o "Moita", foi registrada em um grampo, pedindo dinheiro a integrantes do que a polícia acredita ser uma quadrilha.

Moita foi demitido da Casa Civil na segunda (18), véspera da ação da polícia.

O procurador-geral de Justiça de São Paulo, Márcio Fernando Elias Rosa, criou nesta semana uma força-tarefa para investigar o caso. Além do próprio procurador-geral, o grupo será composto pelo subprocurador-geral Nilo Spínola Salgado Filho, pelo ex-corregedor da instituição Nelson Gonzaga, além de dois promotores que iniciaram, junto com a Polícia Civil, a investigação que resultou na deflagração da operação Alba Branca.

OUTRO LADO

Capez afirmou por meio de nota, repudiar "com veemência a ligação de seu nome ao escândalo Alba Branca".

Ao negar a propina, o tucano classificou a fraude na merenda como "sórdida".

A Casa Civil do governo Geraldo Alckmin afirmou que o ex-chefe de gabinete Luiz Roberto dos Santos, o "Moita", foi exonerado e passou a ser investigado pela corregedoria do Estado.

As ações dele, diz o governo, não têm relação com atribuições da Casa Civil.

Os deputados Baleia Rossi (PMDB) e Nelson Marquezelli (PTB) também negaram terem recebido suborno da cooperativa de Bebedouro.


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