Folha de S. Paulo


Dilma quer discutir retomada com Conselhão

Diante das previsões de mais um ano de forte recessão, a presidente Dilma vai discutir com empresários e trabalhadores nesta semana ideias para recuperar a economia e reequilibrar as contas públicas, como definição de metas e limites para gastos e liberação de crédito para alguns setores.

Enfrentando crise econômica e necessitando de apoio para enterrar o processo de impeachment contra ela no Congresso, assessores afirmam que a presidente quer dialogar mais com todos os setores da sociedade. Por isso, decidiu reativar o Conselhão, Conselho de Desenvolvimento Econômico e Social, que se reuniu pela última vez em julho de 2014.

Durante o primeiro mandato da petista, empresários e sindicalistas reclamaram que a presidente esvaziou o Conselhão, que, no governo Lula, foi responsável por propor medidas que foram adotadas, como o crédito consignado para trabalhadores.

Agendada para quinta-feira (28), a reunião do Conselhão vai buscar, segundo assessores, definir "estratégias para retomar o crescimento sem afetar o ajuste fiscal".

Além de propor a discussão de medidas de ajuste das contas federais, como fixar limites para gastos, a presidente deseja principalmente discutir com empresários e trabalhadores ações para estimular a economia.

Segundo assessores, seu foco principal será reativar a construção civil pela capacidade de gerar empregos.

Dilma, segundo interlocutores, está com "expectativa elevada" para o encontro depois que empresários como Jorge Paulo Lemann aceitaram integrar o colegiado.

A pauta do encontro está sendo fechada pelos ministros Jaques Wagner (Casa Civil), Nelson Barbosa (Fazenda) e Valdir Simão (Planejamento). Coube ao primeiro fazer também os convites, principalmente ao empresariado, e a escolha de novos membros em conjunto com Dilma.

DIÁLOGO

Seguindo a nova linha mais aberta ao diálogo, Dilma quer primeiro ouvir empresários, trabalhadores e outros representantes da sociedade no Conselhão para só depois fechar as medidas que vai anunciar no início de fevereiro como seu plano de voo para recuperar a economia e as contas públicas.

No encontro, ela voltará a pedir apoio para aprovar a recriação da CPMF,, classificada por ela como vital para garantir o cumprimento da meta de superavit primário de 2016 de 0,5% do PIB (Produto Interno Bruto).

Defenderá ainda a reforma da Previdência como forma de manter a sustentabilidade do pagamento de aposentadorias no futuro no país.

Para dar mais importância ao órgão, Dilma pediu à sua equipe para convidar empresários e sindicalistas de peso.

Entre eles, estarão os empresários Abílio Diniz (BRF), Luiza Trajano (Magazine Luiza), Jorge Paulo Lemann (AmBev), Benjamin Steinbruch (CSN), José Roberto Ermírio de Moraes (Votorantim), Josué Gomes da Silva (Coteminas) e Murilo Ferreira (Vale), além dos banqueiros Luiz Carlos Trabuco (Bradesco) e Roberto Setúbal (Itaú).

Do mundo sindical, Dilma manteve o convite ao ex-presidente da Força Sindical Miguel Torres, que recentemente perdeu o posto depois que o deputado Paulo Pereira da Silva, o Paulinho, retomou a presidência da central. Também estarão no órgão os presidentes da CUT, Vagner Freitas, e da CTB (Central dos Trabalhadores e Trabalhadoras do Brasil), Adilson Araújo.

O ator Wagner Moura está na lista, mas não deve comparecer a esta primeira reunião. O escritor Fernando Morais e o professor Paulo Sérgio Pinheiro também fazem parte do grupo. Ao todo, são 90 membros.

Os Conselheiros


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