Folha de S. Paulo


No Recife, Dilma prega mais unidade e respeito à democracia

Carlos Ezequiel Vannoni/Eleven/Folhapress
Dilma Rousseff inaugura a última etapa da Via Mangue, pista de acesso à zona sul do Recife, em Pernambuco, nesta quinta-feira
A presidente Dilma Rousseff inaugura obra viária no Recife, ao lado do prefeito, Geraldo Júlio (PSB)

Diante de uma plateia dividida entre militantes do PSB e do PT, no Recife, a presidente Dilma Rousseff pregou unidade e respeito à democracia como saídas para a retomada do crescimento econômico do país.

A petista esteve nesta quinta-feira (21) na capital pernambucana para inaugurar a avenida Celso Furtado, conhecida como Via Mangue. "Essa obra é um exemplo de parceria para o nosso país que envolveu três prefeitos, dois presidentes e dois governadores. Isso é algo fundamental para que uma obra dessa proporção vire realidade", afirmou Dilma.

O complexo viário formado por duas pistas de quase cinco quilômetros cada, responsável por ligar a zona sul ao centro do Recife, precisou de 16 anos para sair do papel. O projeto da Via Mangue foi feito em 2000, pelo então prefeito Roberto Magalhães (DEM), mas a ordem de serviço só foi dada em 2011 na administração do petista João Paulo Lima e Silva.

As obras se arrastaram por mais quatro anos de governo do PT com o prefeito João da Costa. Hoje, todos cobram sua parcela de contribuição na construção do empreendimento que deve absorver um fluxo de 55.000 veículos por dia.

Em seu discurso, o prefeito do Recife, Geraldo Júlio (PSB), tentou amenizar a disputa pela "paternidade" da estrada. "Se o meu governo teve um papel importante nessa obra, também quero aqui ressaltar a importância dos ex-prefeitos que contribuíram diretamente. Hoje é dia de celebrar uma conquista que é do povo pernambucano", disse.

A estrada recebeu um investimento de R$ 431 milhões. Do total aplicado, 75% dos recursos foram financiados pela Caixa Econômica Federal com subsídios da União. Medida que Dilma fez questão de ressaltar como importante para o Brasil.

"Alguns consideram que reduzir os juros para Estados e município em grandes obras faz parte de um processo incorreto, nós não. Achamos que é justo e legítimo assegurar financiamentos e manter os subsídios", afirmou a petista.

Sem falar diretamente de impeachment, a presidente defendeu a democracia como "algo virtuoso" para uma sociedade, pois lhe dá a oportunidade de discordar e se manifestar. "Mas isso não nos impede de ter unidade e ação conjunta sobre questões importantes para os brasileiros", disse.

Aproveitando sua segunda passagem por Pernambuco em menos de um mês, a presidente voltou a garantir a conclusão da Transposição do São Francisco no fim deste ano. Mesmo reconhecendo a necessidade de mais ajustes, Dilma disse que não contingenciará recursos para obras de segurança hídrica.

"Vamos tornar realidade a convivência do homem com a seca e isso será bom para o Nordeste e para o Brasil", afirmou.

AEDES

Dilma elogiou as ações de combate ao Aedes aegypti em Pernambuco —Estado líder em casos suspeitos de microcefalia causado pelo vírus zika—, mas cobrou mais atenção de todos na eliminação dos criadouros do mosquito.

Sobre as ações do governo federal para combater o principal vetor da dengue, chikungunya e zika, a presidente disse que o Ministério da Saúde está "fazendo um esforço com todos os grandes laboratórios brasileiros e internacionais para desenvolver uma vacina" contra dengue, mas também zika.

"Por mais esforço que todos nós façamos sempre é possível ter água parada. Por isso, enquanto não temos a vacina temos que destruir as condições de reprodução do mosquito", disse.


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