Delegados da Polícia Federal divulgaram, nesta quinta (7), manifesto em que criticam os cortes orçamentários no órgão, subordinado ao Ministério da Justiça. O documento, aprovado em assembleias da categoria nesta semana, chamam os cortes de "Operação Desmonte da Polícia Federal".
"Há alguns anos, observamos a redução dos investimentos na PF e a carência sistemática de recursos, inclusive, para a manutenção das atividades rotineiras da instituição", diz o texto.
Nas últimas semanas, o Ministério da Justiça e a Polícia Federal travam uma disputa pública em relação aos cortes orçamentários no órgão. O manifesto dos delegados ocorre após o ministro José Eduardo Cardozo afirmar à Folha que o ajuste não terá impacto na Lava Jato.
A ADPF (Associação Nacional dos Delegados de Polícia Federal) já havia se posicionado contra os cortes, dizendo que o trabalho da PF seria prejudicado.
O corte previsto, de R$ 133 milhões, deve ser recomposto ao orçamento da PF em créditos suplementares do Ministério da Justiça e com emendas parlamentares, conforme publicou nesta semana o Painel. Nesta quarta (6), a PF divulgou nota em que calcula os cortes em R$ 151 milhões e diz aguardar uma recomposição orçamentária.
Os delegados citam a Operação Lava Jato como exemplo de como o orçamento da PF é bem investido. "As grandes operações de combate à corrupção permitem a recuperação de elevadas somas desviadas, bem como que novos desvios aconteçam", afirmam os delegados.
Apenas com a Lava Jato, dizem eles, "mais de R$ 2,5 bilhões já foram recuperados, enquanto se estima que por meio da Operação Zelotes mais de 25 bilhões de reais deixaram de ser desviados pela corrupção".
O manifesto também volta a uma antiga demanda da categoria —"a garantia de autonomia orçamentária, financeira e funcional".