Folha de S. Paulo


Alocado na Corregedoria, servidor orientou tropa de choque de Cunha

Pedro Ladeira/Folhapress
BRASILIA, DF, BRASIL, 01-12-2015, 15h00: O assistente técnico Lucas de Castro Rivas, funcionário da corregedoria parlamentar da câmara, é visto circulando pelo plenário do conselho de ética durante análise da admissibilidade do processo de cassação contra o pres. da câmara dep. Eduardo Cunha (PMDB-RJ). O assistente técnico orientou por diversas vezes deputados aliados de Cunha que buscavam protelar o andamento da discussão e conversou com o advogado de Cunha, Marcelo Nobre. Ele não havia sido destacado para participar da sessão parlamentar nem pelo Conselho de Ética nem pela Corregedoria Parlamentar e afirmou que estava na reunião para
O assistente técnico Lucas de Castro Rivas, que orientou a tropa de Cunha no processo de cassação

O assistente técnico Lucas de Castro Rivas circula com desenvoltura nas sessões parlamentares do Conselho de Ética da Câmara dos Deputados.

Com o regimento da Casa Legislativa debaixo do braço, cochicha ao pé do ouvido do advogado Marcelo Nobre, defensor de Eduardo Cunha (PMDB-RJ), e orienta a tropa de choque do peemedebista, que semana após semana conseguiu adiar sete vezes a análise do processo.

Na segunda-feira (7), o servidor público que estava alocado na Corregedoria Parlamentar foi exonerado e deslocado para a liderança do Solidariedade na Casa Legislativa, segundo o corregedor Carlos Manato (SD-ES), apesar de o portal da transparência da Câmara dos Deputados ainda apontá-lo como funcionário do órgão legislativo.

Na semana passada, no entanto, quando ainda não havia sido oficialmente demitido, o assistente técnico participou da sessão legislativa. Na época, não foi destacado para participar das sessões parlamentares nem pelo Conselho de Ética nem pela Corregedoria Parlamentar.

Com uma cópia do inquérito da Suprema Corte relativa às contas secretas atribuídas a Cunha na Suíça, conversava de maneira recorrente com os deputados federais Wellington Roberto (PR-PB) e Manoel Júnior (PMDB-PB), favoráveis ao arquivamento do processo.

"Ele foi exonerado para fazer o assessoramento de forma oficial e mais correta", disse o corregedor parlamentar. Na semana passada, no entanto, Carlos Manato disse à Folha que não via problemas do assistente técnico fazer trabalho de assessoramento.

Procurado pela Folha, Lucas Rivas disse que desde o final de outubro já havia sido deslocado para a liderança do Solidariedade e que foi destacado pelo partido para prestar assessoramento técnico. "Eu ajudo qualquer deputado federal que pedir. O meu trabalho é técnico, não é político, não é de bastidor e não tem poder de decisão", disse.

Não é a primeira vez que o assistente técnico envolve-se em polêmica. Em outubro, o líder do PSOL na Casa Legislativa, Chico Alencar (RJ), o acusou de em nome da presidência da Câmara dos Deputados buscar documentos contra ele no Centro de Documentação da Casa Legislativa.

Crítico de Cunha, Alencar é um dos autores da representação que pede a cassação do mandato do peemedebista por quebra de decoro parlamentar. O assistente técnico nega que tenha buscado documentos contra o líder do PSOL.


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