Folha de S. Paulo


Deputado do PDT é escolhido como novo relator de cassação de Cunha

Renato Costa - 8.dez.2015/Folhapress
O Conselho de Ética da Câmara, que analisa o processo de cassação contra Eduardo Cunha (PMDB-RJ)
O Conselho de Ética da Câmara, que analisa o processo de cassação contra Eduardo Cunha (PMDB-RJ)

O presidente do Conselho de Ética José Carlos Araújo (PSD-BA) escolheu o deputado Marcos Rogério (PDT-RO) como novo relator do processo de cassação de Eduardo Cunha (PMDB-RJ) na Câmara dos Deputados.

Ele substituirá Fausto Pinato (PRB-SP), que foi destituído da relatoria em mais uma manobra de Cunha para protelar a tramitação do processo contra ele. Como seu antecessor, Rogério deve votar pela admissibilidade do processo de cassação contra o peemedebista.

Para afastar Pinato, Cunha usou o vice-presidente da Câmara, deputado Waldir Maranhão (PP-MA), para obter uma decisão da mesa diretora. Tanto Cunha como Maranhão são investigados na Operação Lava Jato.

O fundamento jurídico é que Pinato fez parte do mesmo bloco partidário de Cunha, por isso estaria impedido de analisar o processo contra o presidente da Câmara.

Isso adiou mais uma vez a votação da abertura do processo contra Cunha, que estava prevista para esta quarta-feira (9).

AFASTAMENTO DE CUNHA

A cúpula do Conselho de Ética traça agora uma estratégia para pedir ao plenário da Câmara o afastamento de Cunha, sob argumento de que está usando a máquina para emperrar o processo. Caso aprovado no conselho, o projeto iria para o plenário.

Cunha, por sua vez, negou que tenha tentado influenciar o processo e acusou Araújo de ter feito manobra regimental ao nomear Pinato como relator.

Segundo ele, o presidente do Conselho de Ética lançou mão de um "golpe" ao descumprir o regimento da Casa Legislativa e o "devido processo legal" ao não ter levado em consideração o fato do relator fazer parte do mesmo boco partidário do peemedebista.

"A cada hora, há manobras dentro do Conselho de Ética com o intuito claro de descumprir o regimento e o devido processo legal", disse. "Tomar outra decisão que não fosse a troca do relator seria rasgar todas as decisões e todos os atos corriqueiros que são praticados na Casa Legislativa utilizando os blocos parlamentares", acrescentou.

O peemedebista negou que tenha atuado para atrasar o processo de cassação e, em uma provocação, afirmou que realizaram golpe os membros da base governista que tentaram na terça-feira (8) obstruir a votação da composição da comissão especial para análise do processo de impeachment contra a presidente Dilma Rousseff.


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