Folha de S. Paulo


'Espero integral confiança do Temer', afirma Dilma sobre seu vice

Adriano Vizoni/Folhapress
RECIFE - PE - BRASIL, 05-12-2015, 11h00: DILMA EM RECIFE. A presidente Dilma Rousseff chega aa base do Comando Militar do Nordeste para uma reuniao sobre o combate ao mosquito da dengue. (Foto: Adriano Vizoni/Folhapress, PODER) ***EXCLUSIVO FSP***
A presidente Dilma Rousseff em reunião sobre o mosquito da dengue no Recife

Em meio à deflagração do pedido de impeachment contra ela, a presidente Dilma Rousseff disse neste sábado (5) que mantém a confiança no vice-presidente Michel Temer (PMDB).

"Espero integral confiança do Michel Temer e tenho certeza que ele a dará. Conheço o Temer como político, como pessoa e como grande constitucionalista", afirmou a petista.

Nesta sexta (4), um dos principais aliados de Temer, o ministro Eliseu Padilha (Aviação Civil) deixou o governo.

A ala pró-impeachment do PMDB, ligada ao vice-presidente, trabalha para convencer também o ministro do Turismo, Henrique Eduardo Alves (PMDB-RN), a fazer o mesmo.

Também neste sábado, Temer reuniu-se com o governador de São Paulo, Geraldo Alckmin, pré-candidato do PSDB à sucessão presidencial. Ambos compareceram a almoço promovido pelo presidente das Indústrias Reunidas São Jorge, Jorge Chammas Neto.

Segundo o deputado Arnaldo Faria de Sá (PTB-SP), presente no evento, Temer disse ao anfitrião que irá se manter distante do impeachment, pois se envolver na questão não é o papel do vice.

No Recife, a presidente evitou falar em um possível debandada do PMDB do governo.

Na sexta, o presidente do PT de São Paulo, Emidio de Souza, afirmou que a saída do ministro "não é um bom sinal" para o Planalto. Em entrevista à Folha, o ministro Edinho Silva (Comunicação Social), afirmou que "não é perfil de Temer desembarcar do governo".

O vice-presidente tem se mantido longe da articulação da defesa do governo, e o Planalto tenta constranger Temer a se solidarizar com Dilma publicamente.

PROVOCAÇÃO

Sobre o processo de impeachment a ser avaliado pela Comissão Especial da Câmara, ela voltou a cutucar o presidente da Casa, Eduardo Cunha (PMDB). "Estou tranquila, pois não existe fundamento para o processo. Não usei dinheiro público para contemplar meus interesses pessoais, não cometi nenhum ato ilícito nem depositei dinheiro na Suíça ", disse.

A presidente disse ainda não ter sido informada sobre a saída de Padilha. Fez questão, porém, de frisar que se esforçou para mantê-lo no cargo na última reforma ministerial, "uma vez que estava fazendo um bom trabalho".

"Até agora não recebi nenhum comunicado oficial, nem me encontrei com o ministro Padilha. Ainda conto com a presença dele no governo", disse.

Sobre uma possível frustração com a saída dele, afirmou: "não trabalho com hipóteses, estou velha para isso".

Impeachment

AÇÃO CONTRA A MICROCEFALIA

Dilma esteve no Recife neste sábado para lançar o Plano Nacional de Enfrentamento à Microcefalia, que terá sua coordenação centralizada em Brasília.

Para isso, o governo federal vai instalar a Sala Nacional de Coordenação Interagências, no Ministério da Integração Nacional, em Brasília. Segundo a petista, haverá ainda salas estaduais que contarão com as secretarias locais de Saúde, Educação, Segurança Pública, Assistência Social e Defesa Civil, além das forças armadas.

"É uma ação de guerra que não deverá se resumir a um dia nacional de combate, mas tem que ser permanente até descobrirmos uma vacina", disse a presidente.


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