Folha de S. Paulo


Dono do BTG está em cela com TV, lavatório e buraco sanitário

Alternando momentos de abatimento com de uma aparência tranquila, o banqueiro André Santos Esteves, 47, passou nesta sexta (27) o seu primeiro dia na Cadeia Pública Pedrolino de Oliveira, na zona oeste do Rio.

Esteves está sozinho numa cela. Há 138 detentos na unidade, que tem capacidade para 154 presos. A edificação tem celas individuais, para quatro, oito ou 40 pessoas.

Também conhecida como Bangu 8, a prisão é chamada, entre agentes penitenciários do Rio, de "cadeia dos VIPs". O apelido foi dado quando o também banqueiro Salvatore Cacciola, do banco Marka, esteve preso no local por três anos, entre 2008 e 2011.

Ricardo Borges/Folhapress
Banqueiro André Esteves durante transferência para o presidio de Bangu, no Rio
Banqueiro André Esteves durante transferência para o presidio de Bangu, no Rio

De acordo com a Secretaria de Administração Penitenciária do Rio, André Esteves almoçou uma refeição simples, com arroz, feijão, salada, farinha e carne, acompanhados de um refresco. No jantar, teria a opção de trocar o arroz por um macarrão.

O dono do BTG Pactual recebeu uma calça azul, uma camisa branca, toalha e sabonete. O banqueiro não teve o cabelo cortado –prática comum, mas não uma regra formal no sistema penitenciário fluminense.

A estreia espartana do banqueiro carioca na cadeia é semelhante à de Cacciola. Mas, com o tempo, o banqueiro ítalo-brasileiro adaptou o presídio às suas necessidades.

LAGOSTA

Em 2008, Cacciola rapidamente deixou de usar o uniforme do sistema penitenciário do Rio. Suas camisas eram italianas. Diariamente, ele recebia comida de restaurantes da zona sul carioca. Em pelo menos uma ocasião, teve como jantar uma lagosta.

Na época, era comum, em dias de visita, carros novos parados diante da entrada do complexo penitenciário de Gericinó, onde está localizado Bangu 8 e outras 20 unidades de custódia do Rio.

Enquanto esteve preso, Cacciola era uma espécie de guru dos detentos. Conversava com presos deprimidos e os aconselhava. Em sua cela havia um frigobar com água mineral.

André Esteves ainda se adapta às normas e às características da cadeia.

Ao entrar na prisão, ele foi conduzido até a cela por dois agentes penitenciários. O local tem cerca de seis metros quadrados. Há uma televisão, que permaneceu desligada durante toda a noite.

De acordo com agentes penitenciários, Esteves demorou a dormir. Por volta das 7h recebeu um copo de café com leite e um pão com manteiga.

Em sua cela, há ainda um lavatório e um sanitário, um buraco ligado à rede de esgoto, chamado de "boi".

Esteves pode receber de suas visitas um ventilador de 30 centímetros de altura e livros. Todos os detentos possuem este direito.

Durante o dia, o banqueiro pôde deixar a cela por duas horas para tomar banho de sol. Ele permaneceu a maior parte do tempo calado.

A unidade onde ele está confinado tem 110 presos por atrasarem o pagamento da pensão alimentícia. Os outros detentos são advogados e empresários. Nenhum deles é considerado de alta periculosidade.

Esteves encerrou o seu dia bebendo um guaraná e comendo um bolo.


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