Folha de S. Paulo


Mostrei que o Lula não era um monstro, diz Bumlai

Devoto de Santo Antônio e com uma imagem de Nossa Senhora no lado esquerdo do blazer e no seu perfil do WhatsApp, o pecuarista José Carlos Bumlai é católico do tipo que diz ir à missa todo dia.
Em entrevista, ele afirma que esteve três vezes no gabinete de Lula quando ele foi presidente e que ajudou a mostrar a empresários que o petista não era "um monstro".

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Folha - O sr. tinha um crachá com acesso irrestrito ao gabinete de Lula?
José Carlos Bumlai - Se o crachá existisse tinha que estar comigo e não na portaria. Nunca soube desse crachá. Lula ficou na Presidência de 2003 a 2010. Estive no gabinete três vezes nesse tempo.

Por quais motivos?
A primeira vez fui com o (ex-ministro) Marcio Thomaz Bastos e o diretor da Funai para tratar da questão indígena. A segunda para pegar um álbum de fotos. E a terceira fui com o empresário Pedro Grendene para buscar uma guitarra do [cantor] Leny Kravitz que ele arrematou num leilão. Tive a ideia de leiloar a guitarra que o Lula ganhou num leilão de [gado]nelore em Uberaba e dar o dinheiro para o Fome Zero. Conseguimos R$ 322 mil.

É verdade que Lula frequenta a sua fazenda no Mato Grosso do Sul para pescar?
Lula foi na minha fazenda em 2002, quando era candidato, e nunca mais voltou lá.

Qual foi o interesse do sr. em se aproximar de Lula?
Eu tinha medo da reforma agrária. Hoje acredito que o grande problema é a questão indígena.

Que ajuda o sr. deu a ele na campanha de 2002?
Eu ajudei a mostrar que Lula não era um monstro. Apresentei ele a vários empresários que conheço.

Como tem passado desde que seu nome vem sendo citado na Operação Lava Jato?
Tenho oferecido a Deus. O que eu tenho passado é cruel.


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