Folha de S. Paulo


Cúpula do PMDB se concentra na área social em novo programa

Pressionado por parlamentares e pré-candidatos às eleições municipais de 2016, o comando do PMDB prepara para março um programa partidário com foco na área social, na tentativa de disputar o campo histórico do PT e se descolar, definitivamente, do governo Dilma Rousseff.

O documento, que vai ser apresentado no congresso do partido no ano que vem, será uma ampliação do texto intitulado "Uma ponte para o futuro", lançado na terça (17).

O texto traz medidas contrárias às da cartilha petista para salvar as contas públicas e recuperar o crescimento do país e recebeu crítica de tucanos preocupados com a tomada da bandeira econômica associada ao PSDB.

Segundo a Folha apurou, a avaliação de caciques do PMDB é que o programa teve boa aceitação entre economistas e empresários, mas precisa de um "aceno popular", com foco nas eleições de 2016 e 2018, quando os peemedebistas pretendem lançar um candidato próprio à Presidência da República.

A ideia é que o pilar do programa continue sendo a economia, com a defesa de medidas de austeridade e responsabilidade fiscal. A cúpula da sigla dirá que só trilhando esse caminho será possível impulsionar programas sociais e a política de distribuição de renda, bandeira dos governos petistas.

"Hoje, o tempo corre contra nós. Para chegar a 2016 e pensar em 2018, temos que tomar as medidas que estão contempladas no nosso projeto. É preciso recuperar a força do Estado brasileiro, para dar impulso aos programas sociais e de distribuição de renda", diz o ex-ministro Moreira Franco, que coordenou a formulação da primeira versão do documento.

O texto lançado na semana passada teve redação final de Roberto Brant, ex-ministro de Fernando Henrique Cardoso, e listou medidas como o fim da indexação dos benefícios sociais ao salário mínimo e a permissão para que convenções trabalhistas prevaleçam sobre normas legais em negociações entre patrões e empregados.

Coube a Brant compilar as propostas defendidas por um time de economistas, que incluiu Samuel Pessôa, colaborador da campanha do senador Aécio Neves (PSDB-MG) ao Palácio do Planalto.

O vice-presidente Michel Temer foi o tutor de todo o processo. Nome forte do PMDB no Senado, Romero Jucá (RR) também colaborou com a criação do texto.

Outros nomes de fora da legenda foram ouvidos durante a elaboração do documento. Os peemedebistas pediram, por exemplo, opiniões ao senador José Serra (PSDB-SP) para fechar o tomo do programa que trata das medidas econômicas.

O tucano tem mantido diálogo frequente com lideranças do PMDB e é tido nos bastidores como um nome que a sigla cogita filiar para a corrida presidencial de 2018. Serra tem dito a aliados que suas ideias sobre economia presentes no texto são questões que ele defende publicamente há muitos anos.

Agora, nomes importantes do PMDB estudam a ampliação do capítulo social, com propostas de igualdade e estímulo ao empreendedorismo que, segundo um peemedebista, "vão se diferenciar do PT corporativo de hoje".


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