O empresário Eike Batista, fundador do Grupo EBX, começou agora há pouco seu depoimento à CPI do BNDES, na Câmara, dizendo que os empréstimos do banco público para o grupo foram uma parte pequena dos recursos que ele trouxe para investimentos no Brasil.
Dizendo que queria aproveitar o depoimento para "mostrar inverdades", Eike afirmou que trouxe para o Brasil US$ 40 bilhões de capitais privados, que estavam sobre sua administração, e que o BNDES emprestou R$ 10 bilhões.
"A mídia repetidamente repetia que foram capitais de risco. Mentiras repetidas três vezes acabam virando verdade. O capital do BNDES foi de R$ 10 bilhões para investimentos de R$ 150 bilhões", disse Eike.
Segundo ele, qualquer empresário vai atrás de recursos e que "o BNDES está aí para financiar projetos de infraestrutura".
A principal obra citada por Eike foi o Porto do Açu (RJ), em que, segundo ele, o BNDES investiu R$ 3,3 bilhões e os investidores privados colocaram R$ 70 bilhões. Eike chegou a passar um vídeo sobre o Açu, classificando-o como um projeto extraordinário e que vai mudar o país no futuro. A empresa que fazia o porto foi vendida por Eike para o grupo EIG.
Eike admitiu que foi muito otimista com suas projeções de extração de petróleo e que isso pode ter sido um erro de estratégia que acabou contaminando todos os seus outros projetos, entre eles o do porto e os de energia do grupo.
"Apostei numa área de altíssimo risco. Esse foi meu erro", disse.
O presidente da comissão, Marcos Rotta (PMDB-AM), rejeitou recurso do deputado Carlos Zaratini (PT-SP) para que a comissão anulasse a convocação do empresário José Carlos Bumlai.
A Folha revelou no início do mês que o BNDES contornou uma norma interna que o proíbe de conceder empréstimos a empresas cuja falência tenha sido requerida na Justiça e concedeu crédito de R$ 101,5 milhões ao pecuarista José Carlos Bumlai.
Em nota, o BNDES informou que o banco "não deu qualquer tipo de tratamento privilegiado a empresa São Fernando ou ao empresário José Carlos Bumlai".
Segundo a nota, "Os procedimentos de análise do BNDES são técnicos e impessoais e, neste caso específico, diferentemente do que insinua o texto da Folha, não houve violação de norma do Banco para favorecer a empresa. A operação da São Fernando Energia era um financiamento indireto. Desta forma, a análise da operação e o risco de crédito foram assumidos pelos agentes financeiros, tanto público quanto privado".