Folha de S. Paulo


Chamado de 'pau-mandado', Paulinho pede cassação de rival de Cunha

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Um dos principais aliados do presidente da Câmara, Eduardo Cunha (PMDB-RJ), o deputado federal Paulinho da Força (SD-SP) apresentou nesta quinta-feira (29) ao Conselho de Ética da Casa pedido de cassação do mandato do deputado Chico Alencar (PSOL-RJ).

Alencar é um dos responsáveis pelo pedido de cassação contra Cunha, acusado de envolvimento no petrolão, e chegou a pedir explicações sobre o caso ao presidente da Câmara no plenário da Casa.

Em seu pedido, Paulinho, que é presidente do Solidariedade, afirma que Alencar usou recursos da Câmara em sua campanha devido às doações eleitorais recebidas de secretários parlamentares, no valor de R$ 67 mil, além de ter sido ressarcido por serviços prestados por empresa fantasma.

No caso da acusação sobre a empresa fantasma, Alencar apresentou ofício em que o Ministério Público diz não ter encontrado indício de participação do parlamentar em irregularidades. E acusou Cunha de estar por trás do pedido.

"É uma evidente manobra com todos os indícios de que foi orientada por Cunha. Trata-se obviamente de um 'paulinho-mandado', cujo objetivo é tumultuar, desviar o foco, jogar uma cortina de fumaça", afirmou Alencar.

O doleiro Alberto Youssef, um dos delatores da Lava Jato, afirmou em depoimento que Cunha intimidava a sua família por meio de um deputado "pau-mandado" na CPI da Petrobras –o hoje ministro da Ciência e Tecnologia, Celso Pansera (PMDB-RJ).

"É uma chance que dou a ele de se explicar. Estou dando a ele oportunidade de explicar por que seus funcionários doaram para sua campanha", disse Paulinho em entrevista coletiva, negando estar agindo a mando de Cunha. O presidente da Câmara também negou participação na ação.

Alencar e todos os outros quatro deputados da bancada do PSOL foram à entrevista coletiva de Paulinho. "Esse jogo é baixo", disse em tom irritado Alencar ao deputado do Solidariedade, que demonstrou constrangimento e afirmou que o colega do PSOL terá a chance de se explicar.

Conforme a Folha publicou nesta quarta, Cunha tem como estratégia enviar vários processos agora ao Conselho de Ética com o objetivo de diluir o foco do colegiado. O Conselho abrirá o processo contra Cunha na terça (3).


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