Folha de S. Paulo


Collor pressionou BR Distribuidora a comprar R$ 1 bi de usinas, diz delator

Em depoimento de delação premiada na Operação Lava Jato, o lobista Fernando Soares, o Baiano, afirmou que o ex-presidente e senador Fernando Collor (PTB-AL) pressionou a BR Distribuidora a comprar uma enorme quantidade de álcool de usinas indicadas por ele.

O valor da operação chegaria a R$ 1 bilhão.

O delator, porém, não dá detalhes sobre quais eram essas usinas e se o negócio chegou a se concretizar. A afirmação é feita com base numa conversa que ele teve com Nestor Cerveró, ex-diretor da Petrobras e da BR Distribuidora.

Collor tinha uma conhecida influência na BR, que é subsidiária da Petrobras, e foi responsável por indicar diretores, segundo as investigações da Lava Jato.

O PTB, partido do qual o parlamentar é líder no Senado, tinha dois diretores na estatal: José Zonis, na área de Operações e Logística, e Luiz Claudio Caseira Sanches, na Diretoria de Rede de Postos de Serviço. O primeiro foi uma indicação direta do senador, segundo a Folha apurou.

Collor foi denunciado pelo Ministério Público Federal ao STF por suposta participação nos desvios da estatal por crimes como corrupção ativa e lavagem de dinheiro.

Conforme a Folha apurou, as investigações apontam que o senador teria cometido mais de 300 práticas criminosas e, agora, pesam sobre ele as acusações de corrupção e lavagem de dinheiro.

O decorrer das investigações revelou que o grupo do parlamentar alagoano teria recebido R$ 26 milhões, entre 2010 e 2014, como consta na denúncia entregue ao STF, segundo apurou a Folha.

Os valores da propina, segundo os investigadores, eram referentes a contratos firmados entre empresas privadas e a BR Distribuidora, subsidiária da estatal em que parte da diretoria fora indicada pelo ex-presidente.

O senador nega todas as acusações. Em nota, "nega enfaticamente ter exercido qualquer ingerência, muito menos pressão" sobre a BR Distribuidora e as usinas.

Collor também afirma que "não se dignará a responder a especulações infundadas" de delatores, e critica que o depoimento não apontou nenhum fato concreto ou específico que aponte a prática de irregularidades.


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