Folha de S. Paulo


Gabrielli diz que desvios na Petrobras são 'pequenos em relação à empresa'

Pedro Ladeira - 12.mar.2015/Folhapress
BRASILIA, DF, BRASIL, 12-03-2015, 14h00: O ex presidente da Petrobras José Sérgio Gabrielli presta esclarecimentos à CPI da Petrobras, durante reunião da comissão sob a presidência do deputado Hugo Motta (PMDB-PB) e relatoria do deputado Luiz Sérgio (PT-RJ). (Foto: Pedro Ladeira/Folhapress, PODER)
O ex-presidente da Petrobras José Sérgio Gabrielli durante depoimento à CPI da estatal, na Câmara

O ex-presidente da Petrobras Sérgio Gabrielli (2005 - 2012) qualificou como 'pequenos' os desvios na Petrobras que são investigados pela Operação Lava Jato se comparados ao tamanho da empresa.

"Quando você vai para os casos da corrupção confessados pelos corruptos, nós vamos ver que os números são muito pequenos em relação à Petrobras. Nós temos aí um gerente-executivo corrupto confesso, um diretor corrupto confesso, temos dois diretores que negam as acusações...Então estamos aí com quatro, cinco pessoas no alto nível da companhia, numa estrutura que tem 3.000 decisores, uma estrutura altamente complexa", disse.

Gabrielli lembrou que o processo de corrupção ocorreu na relação entre altos funcionários da Petrobras e pessoas externas à companhia e que "portanto era impossível" que a estrutura normal da estatal percebesse os problemas.

O ex-presidente da estatal afirmou ainda que a empresa tem "um pequeno problema" reputacional por causa das investigações da Lava Jato. Logo depois, se corrigiu: "pequeno estou dizendo aqui por condescendência. Tem um grande problema reputacional, de imagem".

Ainda assim, qualificou o problema como "de curto prazo".

Gabrielli lembrou que a empresa "é vítima" e que quem está sendo investigado são alguns funcionários da estatal e fornecedores, e não a Petrobras em si. Ainda, afirmou que a recente perda do grau de investimento e as dificuldades financeiras da empresa "não têm nada a ver" com a operação.

Gabrielli ainda defendeu, novamente, a compra da refinaria de Pasadena,– assim como já havia feito em março, na CPI da estatal.

CPI

O ex-presidente da estatal mostrou ceticismo em relação à CPI (Comissão Parlamentar de Inquérito) que investiga a companhia. Gabrielli classificou a comissão como "grande palco de debate político-parlamentar", "pouco investigativa" e "pouco detalhada".

Apesar de afirmar que a CPI pode trazer "algumas contribuições na melhoria da governança" da estatal, disse duvidar muito de que a CPI possa ir mais longe que os órgãos investigadores já foram.

Gabrielli frisou ainda a importância da Petrobras para a economia brasileira. Para ele, a paralisia na estatal impacta em 1% ou 2% do PIB do país, e que o desempenho da companhia pode ser a diferença entre o PIB crescer ou não.

As declarações foram dadas aos jornalistas Paulo Salvador, Altamiro Borges e Eduardo Guimarães durante entrevista ao programa "Contraponto", do Sindicato dos Bancários, ligado à CUT (Central Única dos Trabalhadores).


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