Folha de S. Paulo


Após ataque de Cunha, Dilma diz que não há corrupção em seu governo

Lehtikuva/Reuters
Em Helsinque, Dilma diz que governo está reconstituindo sua base de apoio político
Em Helsinque, Dilma diz que governo está reconstituindo sua base de apoio político

Em resposta ao presidente da Câmara, Eduardo Cunha (PMDB-RJ), a presidente Dilma Rousseff afirmou nesta terça-feira (20), durante viagem à Finlândia, que não há corrupção no seu governo.

Ela disse ainda que pedidos de impeachment por parte da oposição não vão "inviabilizar" sua gestão. Foi o terceiro dia de declarações dela no exterior sobre as crises econômica e política.

Dilma reagiu a uma frase dita pelo presidente da Câmara na segunda (19) de que "lamenta" que "o maior escândalo de corrupção do mundo", segundo palavras do deputado, seja com o governo brasileiro.

Cunha devolvera uma frase da própria Dilma, dita na Suécia domingo (18), de que "lamenta" que um brasileiro, no caso o peemedebista, seja protagonista de denúncias de contas bancárias na Suíça.

A guerra de palavras continuou nesta terça na entrevista coletiva dela ao lado do presidente da Finlândia, Sauli Niinisto, com quem havia se reunido pouco antes.

Questionada sobre a declaração de Cunha, a presidente chegou a dizer que não se manifestaria, mas acabou respondendo ao deputado: "Primeiro, não vou comentar as palavras do presidente da Câmara. Segundo, o meu governo não está envolvido em nenhum escândalo de corrupção, não é meu governo que está sendo acusado atualmente", afirmou Dilma.

Ela ressaltou ainda que não é a Petrobras, que integra seu governo, o alvo do escândalo de corrupção da Lava Jato: "As pessoas que estão envolvidas estão presas, não é a empresa Petrobras que está envolvida em escândalo, são pessoas que praticaram corrupção e elas estão presas".

Dilma comentou também o novo pedido de impeachment que a oposição deve fazer nesta quarta (21) na Câmara. "Acredito que o objetivo da oposição seja inviabilizar a ação do governo, mas a ação do governo não vai ser inviabilizada pela oposição faça ela quantos pedidos de impeachment fizer", afirmou.

Segundo assessores e ministros presentes na sua comitiva, a presidente não se arrependeu da frase dita sobre Cunha no domingo, mesmo que isso possa acelerar uma ruptura com ele.

Ela teria partido do Brasil, na sexta (16), disposta a mostrar um distanciamento político do deputado, quem tem força política para abrir um processo de impeachment contra ela.

RECONSTITUIÇÃO DA BASE

Assim como ocorreu na Suécia, país visitado por Dilma entre sábado e segunda, a mídia da Finlândia quis ouvi-la sobre a turbulência econômica brasileira e o risco de ela sofrer processo de impeachment.

A presidente visitou Helsinque para discutir os programas de educação locais. Curiosamente, o presidente da Finlândia também teve de responder a perguntas de jornalistas finlandeses sobre um escândalo no país: a de que teria havido caixa 2 em sua campanha eleitoral.

Dilma afirmou aos jornalistas locais que o Brasil vai superar a crise, apostando em uma base de apoio sólida no Congresso. "O governo tomou todas as medidas nesse sentido. Nós estamos reconstituindo a base política de sustentação do governo, e é absolutamente garantido que nós vamos ultrapassar essa crise", afirmou a presidente.


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