Folha de S. Paulo


Eduardo Cunha assinou outros documentos suíços

O dossiê enviado pelo Ministério Público da Suíça ao Brasil mostra que, em ao menos duas das quatro contas no exterior atribuídas ao presidente da Câmara, Eduardo Cunha (PMDB-RJ), constam documentos com assinaturas atribuídas ao peemedebista.

Na Orion SP, criada em junho de 2008, os documentos revelam que Cunha é o responsável pela conta, e sua assinatura aparece ao lado da de sua data de nascimento.

A segunda assinatura de Cunha está na aprovação de um termo de risco de investimentos referente às transações da offshore Triumph SP, aberta em maio de 2007.

Os dados foram repassados pelo Ministério Público da Suíça à Procuradoria-Geral da República e embasaram a abertura, pelo Supremo Tribunal Federal, de novo inquérito para investigar a suspeita de envolvimento de Cunha e familiares no petrolão.

Além das assinaturas, outros documentos apontam para o parlamentar como beneficiário de movimentações no banco suíço Julius Baer, como cópia de passaportes, inclusive o diplomático, endereço de sua casa no Rio, telefones do Congresso.

As contas aparecem em nome de offshores, por exemplo, da Escócia e do paraíso fiscal Ilha de Man (dependência do Reino Unido) que têm testas de ferro de Cingapura, Austrália, Argentina e Uruguai.

O recurso é empregado para tentar esconder o real proprietário de um bem. Mas, para os investigadores, não resta dúvida de que Cunha era o beneficiário e há indícios de que os milhões movimentados eram "produto de crime".

Um informe produzido em 2011 pela funcionária do banco suíço Elisa Mailhos detalha a relação da instituição com Cunha; destaca que ele tem contas no exterior há 20 anos, cita que ele é deputado federal e faz uma avaliação do patrimônio, como de sua casa na Barra da Tijuca.

No informe, como mostrou na sexta o "Jornal Nacional" (TV Globo), a funcionária afirma ainda que havia expectativa de que Cunha trouxesse mais aportes ao banco devido à evolução de novo negócio no setor de energia.

Mailhos aponta que o presidente da Câmara teria US$ 5 milhões em quatro contas, duas delas fechadas logo após a Polícia Federal deflagrar a Operação Lava Jato.

As outras duas, uma delas em nome da mulher de Cunha, foram bloqueadas pelas autoridades suíças com saldo de 2,469 milhões de francos suíços (R$ 9,6 milhões). A Procuradoria pediu ao STF para sequestrar esses recursos. A decisão deve ser tomada pelo ministro do Supremo Teori Zavascki nesta semana.

Em nota divulgada na sexta (16), Cunha disse manter as declarações prestadas à CPI da Petrobras, em março, quando negou ter contas secretas no exterior e nunca ter recebido "vantagem de qualquer natureza".


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