Folha de S. Paulo


Lula cobra união do PT e diz para deputados seguirem partido

Alice Vergueiro/Folhapress
O ex-presidente Lula participa do Congresso Nacional da Central Única dos Trabalhadores, no Anhembi, na zona norte de SP
Ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva durante congresso da CUT em São Paulo

O ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva cobrou nesta quinta-feira (15) que os deputados do PT se mantenham unidos e sigam as orientações da liderança do partido. Preocupado em barrar o processo de impeachment contra Dilma Rousseff, reclamou da divisão da bancada da Câmara dos Deputados e pediu que as diversas tendências da sigla sejam esquecidas nesse momento.

"Vocês devem de discutir, debater e definir uma linha. E ai todos devem estar juntos", afirmou a deputados petistas esta tarde, conforme relatos de participantes.

Ele lembrou aos deputados da importância de manter um diálogo aberto entre a Câmara e o Palácio do Planalto, especialmente nesse momento de acirramento político.

Lula se mostrou preocupado com o racha do partido, sobretudo na Câmara. Na terça (13), 32 dos 62 deputados da bancada na Casa assinaram um manifesto de apoio ao pedido do PSOL e da Rede Sustentabilidade que pede a cassação do mandato de Eduardo Cunha (PMDB-RJ).

Dos 12 deputados que estiveram com Lula esta tarde, seis apoiaram o pedido de perda de mandato do presidente da Câmara. Entre eles, Maria do Rosário (RS), Valmir Assunção (BA), Wadih Damous (RJ), Afonso Florence (BA), Margarida Salomão (MG) e José Pimenta (RS).

Nos bastidores, contudo, a orientação de Lula e da direção petista que os petistas se mantivessem em silêncio sobre as acusações contra o presidente da Câmara, numa estratégia casada para evitar o impeachment de Dilma.

O impeachment foi um dos assuntos que dominou o encontro. Para Lula, é preciso "virar a página do impeachment". Ele pediu que os deputados foquem no enfrentamento do pedido de afastamento de Dilma, esquecendo qualquer divergência interna ou tendência do partido nesse momento.

Ele orientou os deputados federais a articularem uma frente na Câmara para conseguir apoios e reunir votos suficientes que não permitam que um eventual recurso da oposição seja aprovado em plenário. O STF (Supremo Tribunal Federal) barrou a possibilidade de recurso, mas a oposição e o presidente Eduardo Cunha recorreram.

Segundo relatos, o ex-presidente falou brevemente sobre Eduardo Cunha e as denúncias de corrupção e recebimento de propina que pesam sobre o deputado.

Três deputados petistas são membros titulares do Conselho de Ética, onde o processo de cassação de Cunha deve ser julgado. Publicamente, o PT diz que dará liberdade para cada deputado decidir por si só sua atuação.

Contudo, nos bastidores, fala-se em conversas individuais com cada um deles, uma espécie de "catequese", com orientação de livrar Cunha de perder o mandato, cumprindo o acordo velado feito com o Palácio do Planalto.


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