Folha de S. Paulo


PSOL diz que Janot confirmou contas no exterior de Cunha

O PSOL informou nesta quinta-feira (8) que o procurador-geral da República, Rodrigo Janot, confirmou à Câmara dos Deputados que o presidente da Casa, Eduardo Cunha (PMDB-RJ), tem contas na Suíça.

As informações vão embasar o pedido de cassação do peemedebista no Conselho de Ética que será chancelado pelo PSOL.

Segundo o PSOL, o documento enviado pelo procurador-geral da República, Rodrigo Janot, responde questionamentos feitos pelo partido à PGR (Procuradoria-Geral da República), sobre as contas secretas atribuídas ao peemedebista.

O partido promete divulgar a resposta do procurador-geral às 14h, no Salão Verde da Câmara.

A PGR confirmou o envio do documento, mas não informou detalhes do conteúdo.

"O procurador foi bastante cauteloso no envio de informações e não trouxe grandes novidades, mas é uma confirmação oficial da existência das contas, que vai servir para o nosso primeiro passo, que é a entrada no Conselho de Ética da Câmara com o pedido de cassação", afirmou o líder do PSOL, Chico Alencar (RJ).

As informações, que comprovam as contas bancárias, mas não tratam de valores nem de titularidades, chegaram ao líder do PSOL na noite de quarta (7) e foram avaliadas por todos os membros do PSOL na manhã desta quinta (8).

Na avaliação do partido, embora não haja novidades no documento enviado por Janot, agora a peça que pedirá a cassação do mandato de Cunha ao Conselho de Ética será mais "robusta" já que estará embasada por informações oficiais e "não haverá alegações de que se basearam em notícias de jornal".

Conforme informou a Folha nesta quinta, o banco Julius Baer informou às autoridades suíças que Cunha e seus familiares figuram como beneficiários finais de contas secretas onde estão depositados US$ 2,4 milhões (R$ 9,3 milhões), dinheiro que está bloqueado.

DEPUTADO

Questionado nesta quinta, o presidente da Câmara mais uma vez se negou a comentar o assunto.

"São variações do mesmo tema, contraditórias umas com as outras. Se for notificado, quando for notificado, no conteúdo que tiver, meus advogados vão falar", afirmou.

Cunha é acusado de corrupção passiva e lavagem de dinheiro pela PGR e, desde que Janot pediu ao STF (Supremo Tribunal Federal) que acate denúncia contra ele, tem negado qualquer participação em ato ilícito.

Desde que começaram a circular informações sobre contas secretas que estariam em seu nome e de familiares, Cunha evita falar das informações.

Em nota divulgada semana passada, reiterou sua declaração à CPI da Petrobras, em março, quando prestou um depoimento de forma espontânea e negou ter qualquer conta fora do país.

A negativa é mais um dos argumentos usados pelo PSOL para pedir a cassação de Cunha, já que mentir em depoimento à comissão de inquérito é quebra de decoro parlamentar.

O PSOL está atuando em diversas frentes para afastar Cunha da Presidência da Câmara e fazê-lo perder o mandato. Se isso ocorrer, o peemedebista perde o foro privilegiado.

Nesta quarta, trinta deputados federais de sete partidos políticos protocolaram na Corregedoria da Câmara uma representação pedindo a abertura do processo de cassação de Cunha.

O documento foi assinado por 17 petistas, os cinco deputados do PSOL, três da Rede, dois do PSB, um do PPS, um do Pros e um do PMDB de Cunha, o ex-governador de Pernambuco Jarbas Vasconcelos.


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