Folha de S. Paulo


Mesmo com construção de sede, gasto da Petrobras com aluguel sobe 142%

Em meio a crise econômica, escândalos de corrupção e cortes, a Petrobras vai pagar 142% a mais em aluguéis de imóveis em Salvador a partir deste mês, quando os escritórios migram de salas pela cidade para uma recém-construída torre de 22 andares.

Dados obtidos por meio da Lei de Acesso à Informação mostram que a estatal gasta R$ 2,8 milhões por mês. O custo atingirá R$ 6,8 milhões com a inauguração da torre, onde a empresa pagará aluguel como em outros imóveis que ocupa na capital baiana, como o vizinho à nova torre.

A estatal não comentou o aumento, mas disse que vai economizar em água e energia, sem revelar os valores.

A Torre Pituba foi erguida em contrato de locação firmado em 2010 entre Petrobras e o Petros, o fundo de pensão dos funcionários da estatal.

O acordo se deu em modalidade na qual o locador define detalhes do imóvel a ser construído e as partes acertam que ele terá direito a uso exclusivo das instalações. A parceria tem prazo de 30 anos e valor estimado em R$ 1,4 bilhão, conforme o contrato obtido pela Folha.

Edson Ruiz/Coofiav/Folhapress
Vista de torre ao lado da atual sede da Petrobras, em Salvador

O gasto extra ocorre quando a estatal faz cortes de R$ 40 bilhões, demite milhares de funcionários e, abalada pela Lava Jato, sente o impacto da crise econômica. Para construir a torre, o Petros contratou as construtoras OAS e Odebrecht, investigadas na Lava Jato, unidas na sociedade Edificações Itaigara.

O Petros não diz o valor da construção, mas a Folha apurou com fontes do mercado imobiliário local cerca de R$ 600 milhões. Erguida em terreno do fundo, a nova torre terá 22 elevadores, 2.600 vagas de garagem e heliponto.

O valor mensal do aluguel previsto no contrato em 2010 é de R$ 2,9 milhões, mas já saltou para R$ 5,4 milhões com a correção monetária.

A estatal vai manter parte dos escritórios que aluga em Salvador, em gasto adicional de R$ 1,4 milhão. Há mais seis contratos com o Petros para locação em Salvador, São Paulo e Rio de Janeiro, num total de R$ 260 milhões e com inexigibilidade de licitação.

A Petrobras informou que, com a mudança, haverá redução no gasto por metro quadrado de R$ 43,37 para R$ 40,58 –a área irá de 64 mil para 167 mil metros quadrados.

Segundo a estatal, o contrato levou em conta a projeção de crescimento de pessoal. A Folha solicitou o número de funcionários em 2010 e neste ano, sem resposta.

A estatal reitera que a mudança reduzirá custos com água, energia e manutenção, mas não diz valores. Sobre a escolha, diz que o Petros "ofereceu opção 15% abaixo do valor de mercado estimado".

O Petros afirma que a OAS e a Odebrecht foram escolhidas entre quatro candidatas.


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