Folha de S. Paulo


Com 'apoio crítico' a Dilma, CUT e MST farão ato contra impeachment e ajuste

O MST (Movimento dos Trabalhadores Rurais Sem Terra), a CUT (Central, Única dos Trabalhadores) e a UNE (União Nacional dos Estudantes) irão às ruas em diferentes cidades do país para protestar contra o impeachment da presidente Dilma, contra o ajuste fiscal implementado pela própria petista e em defesa da Petrobras nesta sexta-feira (2) e no sábado (3).

As entidades fazem parte da Frente Brasil Popular, que abrange mais de 60 movimentos sociais e organiza o ato.

Em São Paulo, a manifestação começará às 14h em frente ao prédio da Petrobras na avenida Paulista. De lá, os militantes caminharão, passando pela avenida Brigadeiro Luís Antônio, até a praça da Sé.

Os grupos consideram conciliável defender que Dilma siga no cargo e criticar severamente sua política econômica.

"O nosso apoio crítico é uma forma de disputar o governo, para trazer o governo para que ele cumpra com as bases aquilo que foi o programa de governo apresentado à população", afirma Douglas Izzo, presidente da CUT paulista.

O sindicalista reforça que é contra o ajuste fiscal nos moldes que vem sendo implementado e que a central apresentará, em seu congresso, uma proposta de política econômica alternativa a esta, que, segundo Izzo, "serve aos rentistas" por causa dos juros altos.

Izzo afirma ainda que os movimentos apoiam as medidas do Planalto "importantes aos trabalhadores", citando o Programa de Proteção ao Emprego. Uma eventual volta da CPMF, para ele, também "pode ser uma saída para poder financiar o Estado, a Saúde e as políticas sociais". Izzo, entretanto, ressalta que o apoio a Dilma não é "cego".

João Paulo Rodrigues, da direção nacional do MST, reforça a posição contra o ajuste, que para ele é "uma retomada da política neoliberal que já foi derrotada em 2002", mas ressalta que os movimentos são contra "o golpe em curso da direita" –como o militante se refere a um eventual impeachment contra Dilma.

A opinião é compartilhada pelo coordenador da CMP (Central de Movimentos Populares) Raimundo Bonfim.

"A Frente Brasil Popular tem uma posição muito clara: é a favor da democracia, contra o golpe, mas isso não significa apoio ao ajuste fiscal, diz.

PETROBRAS

Outro tema que será abordado pelos manifestantes é a "defesa da Petrobras" que, para eles, sofre ataques por causa da Operação Lava Jato, que investiga desvios na estatal e corre o risco de ser privatizada.

"Varrer a corrupção da Petrobras não significa varrer a Petrobras junto", diz Carina Vitral, presidente da UNE, que afirma que, por conta da Operação Lava Jato, a estatal sofre outros ataques.

Cibele Vieira, do sindicato dos petroleiros, afirma que a luta é por uma Petrobras que se aproxime ao máximo de ser "100% estatal e pública".

Além de São Paulo –que terá atos em outras oito cidades além da capital–, haverá manifestações em outros 13 Estados no sábado: BA, CE, MG, RO, PR, PE, RS, PB, PA, PI, DF, MT e SC.

Na sexta, os movimentos vão às ruas no RJ, no RN, no SE e em GO.

Ao todo, haverá atos em 30 cidades.

Os organizadores afirmam que é difícil fazer uma estimativa de público, mas que esperam "muita gente", especialmente nos atos de São Paulo e de Ribeirão Preto.


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