Folha de S. Paulo


'Dilma Bolada rompeu com o governo federal', diz autor de paródia

Reprodução
Post de Jefferson Monteiro, criador de 'Dilma Bolada', critica o governo
Post de Jefferson Monteiro, criador de 'Dilma Bolada', critica o governo

A crise política enfrentada pelo governo da presidente Dilma Rousseff ultrapassou o Congresso Nacional e chegou nesta quarta-feira (30) também às redes sociais.

Autor da paródia presidencial "Dilma Bolada", que conta com mais de 400 mil seguidores no Twitter, o publicitário Jeferson Monteiro anunciou que a personagem virtual rompeu com a petista.

Monteiro recebeu dinheiro da campanha de Dilma em 2014. Em sua página no Facebook, o publicitário admitiu que presta serviços para a agência Pepper, que trabalha para o PT, desde o início de 2015. Segundo a Folha apurou, o salário mensal recebido pelo publicitário é de cerca de R$ 19 mil

A assessoria de imprensa da empresa informou que o contrato com Monteiro foi prorrogado até o ano que vem. Em relação ao PT, disse que rescindiu com o partido por iniciativa própria e deixará de prestar serviços a partir de dezembro deste ano.

O rompimento gerou preocupação tanto no Palácio do Planalto como no PT, que estranharam a reação do publicitário

A decisão foi tomada após a presidente oferecer sete ministérios ao PMDB na nova configuração da Esplanada, em um esforço para recompor sua base aliada para aprovar o ajuste fiscal e evitar a abertura de um processo de impeachment.

"Eu não apoio mais [o governo federal] e a Dilma Bolada rompeu. Já que a presidente Dilma Rousseff foi para o outro lado, a Dilma Bolada permanece do lado que sempre esteve", disse Monteiro à Folha. "Infelizmente chegamos a um ponto no qual é impossível que eu continue a apoiar o governo Dilma", acrescentou.

Em um desabafo publicado em seu perfil particular nas redes sociais, o autor de "Dilma Bolada" afirmou que o governo "acabou" e que, para a presidente, o que importa é apenas o apoio do empresariado e do partido do vice-presidente Michel Temer.

"Dilma não precisa do meu apoio no governo dela. Nem o meu e nem o de ninguém que votou nela. Afinal, para ela só importa o apoio do PMDB e de parte do empresariado para que ela se mantenha lá onde está. Trocou o governo pelo cargo", criticou.

Monteiro avaliou ainda que a postura da administração da petista não condiz com o que esperavam os 54 milhões de brasileiros que a elegeram em 2014. Para ele, o que resta agora é repetir os versos da música "Vou Festejar", cantada por Beth Carvalho e composta por Jorge Aragão.

"Você pagou com traição a quem sempre lhe deu a mão", escreveu.

VISITAS AO PLANALTO

O autor da paródia da petista era frequentemente recebido no Palácio do Planalto, inclusive para reuniões reservadas com a presidente. Em julho, por exemplo, ele chegou a fazer foto no Palácio da Alvorada ao lado de Dilma e da presidente da Argentina, Cristina Kirchner.

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Dilma com Dilma Bolada ----http://instagram.com/p/exNGaWR3mR/#
Dilma com Jeferson Monteiro, criador do perfil Dilma Bolada

Apesar do rompimento, Monteiro ainda não definiu o que será feito do perfil humorístico da presidente.

"Não sei se vai ser uma coisa mais sarcástica, com críticas ao que não precisou ser feito até agora, ou se haverá uma reformulação e surgirá algo novo", disse o publicitário.

CAMPANHA

Monteiro foi consultor da campanha de Dilma à reeleição e havia reativado o perfil de "Dilma Bolada" em julho, após ter suspendido a página por pendências financeiras.

Na época, interlocutores presidenciais afirmam que Monteiro recebeu a promessa de pagamento de valores mensais para ajudá-lo a manter a conta.

Anteriormente, ele negociou por duas semanas com uma agência de publicidade e um colaborador do grupo do PSDB em Minas Gerais. Na ocasião, Monteiro afirmou que nunca teve intenção de vender de fato o personagem –apenas queria ver "até onde ia a cara de pau deles" [dos tucanos].


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